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5 obras para esfriar a cabeça

Redação Inhotim

A arte contemporânea tem o poder de virar e revirar a sua cabeça. Desperta lembranças muitas vezes esquecidas e traz a tona um turbilhão de sentimentos, às vezes até antagônicos.

 

Além de fazer tudo isso, as obras desta lista são ótimas para ajudar você a relaxar enquanto visita o parque.

Piscina, Jorge Macchi

A primeira da lista, como não poderia deixar de ser, é a mais óbvia e concorrida nos dias de sol. Uma piscina! Isso mesmo, a partir de um desenho do artista argentino, a obra foi construída e aberta à visitação, ou melhor, à natação.

 

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Continente/Nuvem, Rivane Neuenschwander

Uma obra para apreciar deitado. Depois de caminhar bastante só isso já seria suficiente. O chão é geladinho e vale brincar de descobrir formas assim como fazemos com as nuvens.

 

 

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A Origem da Obra de Arte, Marilá Dardot

Com uma vista inspiradora, a obra fica espalhada pelo jardim e convida os visitantes a plantar palavras. Isso mesmo, você coloca um avental, escolhe as letras, as sementes e aprende a plantar. Dar uma volta pelo gramado também é muito relaxante e com certeza você dará boas risadas com as ideias de quem passou por ali.

 

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Folly, Valeska Soares

Quem já visitou o Inhotim sabe o quanto faz calor no parque e o ar condicionado das galerias refresca o cérebro instantaneamente. Adicione agora, pessoas dançando no escuro ao som de uma música que poderia fazer parte da trilha sonora das suas comédias românticas favoritas. Com certeza, você vai sair da obra Folly bem mais leve do que entrou.

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Galeria Cosmococa

A Cosmococa é também conhecida como a galeria que mais faz sucesso com as crianças. Lá você pode brincar com balões, pular em colchões, deitar na rede, escutar um Jimi Hendrix e pular em uma piscina bem gelada.

 

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Reparou que a nossa lista começou e terminou em piscina? Agora é planejar a sua visita e mergulhar de cabeça na arte contemporânea.

 

Já visitou o Inhotim e quer compartilhar com a gente a sua lista com as melhores obras para esfriar a cabeça? Deixe seu comentário aqui.

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O jardim e outros mitos

Equipe de mediadores

Desde o início de setembro, o Inhotim apresenta a mostra individual O jardim e outros mitos, da romena Geta Br?tescu. Ocupando parte da Galeria Lago, a exposição reúne trabalhos produzidos a partir da década de 1960 até 2012, e apresentam um amplo espectro da produção da artista e suas percepções sobre a condição feminina e o fazer artístico.

 

Atualmente com 88 anos, Geta Br?tescu estudou na Faculdade de Letras e no Instituto de Belas Artes de Bucareste. Assim como em outras ditaduras do Leste Europeu, a cena artística romena ficou dividida entre a “arte oficial”, cujo objetivo era a propaganda do Estado, e as produções que surgiam fora das instituições públicas, de forma marginalizada. Foi nesse contexto que Br?tescu produziu durante três décadas e atuou como ilustradora do jornal cultural Secolul 20. Alguns trabalhos feitos para a publicação podem, inclusive, ser vistos na mostra.

 

Nuduri
Desenhos de carvão e nanquim sobre papel da série “Nuduri” (1975), parte da exposição “O jardim e outros mitos”.

Colagens, litografias, ilustrações de livros, fotografias, gravuras, tapeçarias, filmes experimentais e vídeo-performances estão entre os suportes utilizados por ela. No Inhotim, alguns de seus trabalhos trazem referências da antiguidade clássica e da mitologia grega. É o caso da série Medea, representação da personagem mítica que trai a família para viver com seu grande amor, Jasão. Ao descobrir-se trocada por outra mulher, Medeia tira a vida de seus próprios filhos como forma de vingança.

 

Como outros artistas, Br?tescu visitou áreas industriais do país e lançou mão desse contexto como fonte de inspiração para sua produção. A forma circular das caldeiras, dos medidores de pressão, das rodas dos trens de ferro pode ser observada em várias obras, como Circles (2012). Seria o círculo um princípio metafórico? O regime comunista da Romênia poderia ter seus momentos de ascensão e queda narrados por meio da figura do círculo? Essas são apenas algumas reflexões que emergem do trabalho da artista. Não deixe de conferir!

 

 

Magno Silva, educador de arte do Instituto Inhotim

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A imagem como experiência

Equipe de mediadores

Uma volta pelos jardins do Inhotim já propõe uma multiplicidade de experiências. Os caminhos sempre desenhados e as obras que vão sendo descobertas em meio à paisagem logo permitem criar novas relações entre corpo, lugar e as imagens que vão surgindo pelo caminho. Não é por acaso que, no mês da fotografia, a visita temática artística propõe uma reflexão sobre os limites da imagem como experiência.

 

Na contemporaneidade, a fotografia reinventa seus suportes e sua relação com outras mídias, convocando todos a diferentes diálogos e conexões. Nesse contexto, ela perde sua plataforma estática e se abre ao múltiplo, produz atravessamentos, possibilita experiências sensoriais diversas e convida o corpo.

 

Um bom exemplo é a instalação Folly (2005-2009), de Valeska Soares, construída de modo a questionar o lugar do corpo como propositor (ou propósito) na obra de arte. O corpo que presencia a obra se torna parte dela que, por sua vez, é multiplicada pelos espelhos e as representações de cada um naquele espaço. Ali o horizonte se torna infinito em paredes finitas.

"Folly" (2009), de Valeska Soares. Foto: Daniela Paoliello
“Folly” (2005-2009), de Valeska Soares. Foto: Daniela Paoliello

Outro artista que propõe um diálogo intenso na relação experiência-imagem-corpo é o fotógrafo Miguel Rio Branco. Sua galeria no Inhotim reorganiza a interação entre público e obra. Em especial, a série Maciel (1979) constrói narrativas a partir de micro-histórias relacionadas a marcas, a cicatrizes. Desconstruindo uma realidade imediata, as imagens se tornam solidárias à conquista de identidade das pessoas retratadas.

fotografias da série "Maciel" (xxx), de Miguel Rio Branco. Foto: Pedro Motta
Fotografias da série “Maciel” (1979), de Miguel Rio Branco. Foto: Pedro Motta

E você, como se relaciona com as imagens que o rodeiam? Não deixe de participar das visitas temáticas do Inhotim! Elas são gratuitas para os visitantes do Instituto. Confira aqui mais informações para programar sua próxima ida ao parque.

 

Texto de Gabriela Gasparotto e William Gomes, mediadores de Arte e Educação do Inhotim.

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Novas exposições no Inhotim

Redação Inhotim

A partir de 4 de setembro, quem visitar o Inhotim vai poder conferir diversas novas obras. Artistas do Leste Europeu, Ásia e Estados Unidos propõem um novo olhar sobre a produção artística contemporânea.

 

Segundo o diretor de arte e programas culturais do Instituto, Rodrigo Moura, nos últimos 10 anos, houve um aumento do interesse mundial pela arte latino-americana e de outras regiões que fogem aos centros hegemônicos de produção. “Esse movimento está muito ligado a uma perspectiva de descentralização das narrativas. Nesse contexto, entendemos que o papel de um espaço como o Inhotim não é apenas colecionar nomes consagrados, mas introduzir outros, menos conhecidos por aqui”, afirma.

 

Uma nova galeria permanente, a décima oitava do Instituto, será dedicada ao pintor norte-americano Carroll Dunham. A galeria irá abrigar um ciclo de pinturas chamado Garden (2008), composto por cinco telas que refletem as impressões do artista sobre o Inhotim.

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Uma das telas do ciclo de pinturas “Garden” (2008), de Carroll Dunham. Cortesia Gladstone Gallery, Nova York e Bruxelas. Foto: David Regen

A Galeria Lago, um dos quatro espaços do Inhotim para exposições temporárias, receberá trabalhos de três artistas. A romena Geta Br?tescu, considerada uma espécie de Louise Bourgeois do Leste Europeu, ganha uma grande mostra individual de sua produção, com trabalhos que datam de 1986 a 2013, intitulada O jardim e outros mitos.

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“Medea Hypostases III” (1980), de Geta Bratescu. Cortesia da artista e Ivan Gallery, Romênia. Foto: Stefan Sava

Dominik Lang, da República Tcheca, apresenta Sleeping City (2011), uma instalação composta por esculturas de bronze criadas pelo pai do artista. Em meio a estruturas de ferro e madeira, as peças adquirem novos significados.

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“Sleeping City” (2011), de Dominik Lang. Foto: Ondrej Polak

Já do filipino David Medalla, será apresentada a obra Cloud-Gates (1965/2013) da série Bubble Machines – esculturas cinéticas formadas por espuma e criadas pelo artista pela primeira vez na década de 1960.

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“Cloud-Gates Bubble Machine” (1963-2013), de David Medalla. Cortesia Baró Galeria. Foto: divulgação

Para comemorar a inauguração dos novos projetos, os músicos Jards Macalé e Jorge Mautner sobem ao palco do Inhotim em Cena para uma apresentação especial. Parceiros musicais e amigos de longa data, os dois artistas relembram sucessos da música popular brasileira e prometem surpresas. O show começa às 15h, próximo ao Magic Square.

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Dias que parecem não passar

Julio Le Parc

Inhotim até logo

Inhotim o de antes de conhecê-lo

lá ficou

atrás

naquelas informações fragmentadas

e

naquelas imagens de

ilustrações em cores

 

O outro Inhotim

o vivido em cinco dias

está aqui em mim

com sua força tranquila

com a presença

dos seus dias

que parecem não passar

e ficam gravados.

 

Conjugação

natureza-arte

arte-natureza

 

Mas a gente

não se engana

essa

natureza é arte

 

Com que sabedoria se conseguiu fazer

que aquela arte ali

não fosse fagocitada

por aqueles verdes múltiplos

aspirando o céu.

 

E as ressonâncias

dessa soberba natureza

ao entrar nos pavilhões

tem um eco naquilo vivido neles

transportando-se

em um novo eco para fora.

 

E esse ir e vir vai tecendo um

laço harmonioso

criando um estado mágico

que parece fora do mundo

mas com a realidade no fundo.

 

Natureza-arte-púlico

público agente vinculador

e

nós somos esse público

menino, jovem, maduro

destinatário único

recriando um mundo

 

E nesse caminhar por Inhotim

transmite uma alegria de vida

que vem da relação ativa com o que

está recebendo.

 

Lentamente

com gula

a gente vira

cidadão do Inhotim

cidadão incondicional

 

Tantas coisas vividas com um

espírito calmo mas de maneira

acelerada em que os detalhes

se telescopeiam

se metamorfoseiam

e passam

e passam de novo na gente

trazendo sensações pequenas

intensas

que reconstituem

um todo em movimento

sem ser percebido em sua totalidade

aquilo vivido

nos faz sentir que um todo está ali

que flutua na nossa frente

que se fixa na gente

com aquilo visto pelos nossos olhos

com aquilo descoberto pelos nossos pés

com o esforço alegre de amanhecer

em alta velocidade

múltiplas facetas do todo.

 

Ordenações dentro dos pavilhões

ordenações naquilo iluminado pelo sol.

 

Sem nenhuma dúvida ordenação

de uma vontade com uma

sensibilidade à flor da pele

em uma mente única

e isso se chama:

criação!

 

Inhotim é uma criação inventada

produto de uma

capacidade visionária única

que trabalha aquilo que se chama

utopia

com aquilo que cresce a partir do chão

e esse criador tem um nome e um sobrenome:

Bernardo

Honrado por poder contribuir

com meu grãozinho de areia nessa criação!

 

 

Cachan, França

Junho, 2014