Pular para o conteúdo
Leitura 4 min

Obras de Elisa Bracher são montadas nos jardins do Inhotim

Redação Inhotim

A partir deste sábado, 20 de maio, o público terá mais duas obras para visitar no Inhotim. Nas esculturas de grande escala de Elisa Bracher, montadas nos jardins do Parque, dois elementos marcantes do trabalho da artista estão presentes: peso e equilíbrio. Em Embrionário (2003), 13 toneladas de troncos de madeira se apoiam e se empurram; já em Equilíbrio Amarrado (2004), blocos de mármore criam uma relação de tensão entre instabilidade e sustentação em uma instalação de seis metros de altura.

Além da montagem das esculturas, um novo paisagismo assinado por Pedro Nehring foi criado ao longo dos últimos cinco meses para receber as instalações. O projeto foi pensado obedecendo à estética misteriosa dos jardins do Parque, que faz com que os encontros com as obras externas e esculturas sejam sempre um convite à descoberta. Ao redor das esculturas, árvores e palmeiras do acervo botânico do Inhotim direcionam os caminhos do visitante de forma harmoniosa. De acordo com o paisagista, as espécies implantadas no local são, em sua maioria, nativas, e foram pensadas de forma a manter o lugar sempre florido, independentemente da época do ano.

Elisa Bracher
A escultora, gravadora e desenhista paulistana desenvolve, desde o início dos anos 1990, trabalhos que transitam por diferentes técnicas e linguagens. Interessada em testar os limites e as tensões entre os materiais com os quais trabalha, em poucos anos a artista conferiu dimensão monumental às suas esculturas. Apesar da escala grandiosa desses trabalhos, Elisa Bracher consegue manifestar a delicadeza no equilíbrio, tanto em seus desenhos em papel de arroz como nas grandes instalações. A artista também é idealizadora do Instituto Acaia, organização social sem fins lucrativos que oferece atividades a crianças, adolescentes e seus familiares de regiões vulneráveis de São Paulo.

Próximos projetos artísticos
A inauguração destas novas obras externas complementa a programação estratégica da Diretoria Artística do Inhotim para os próximos anos. Ao longo deste período, serão instaladas permanentemente no Inhotim uma escultura do artista americano Robert Irwin e duas obras da japonesa Yayoi Kusama. Novas exposições temporárias também estão programadas paras as Galerias Fonte, Lago, Mata e Praça, reforçando a proposta de disponibilizar aos visitantes do Instituto obras de arte do acervo ainda desconhecidas de grande parte do público, além de apresentar artistas de diferentes regiões do mundo, de diversas gerações e escolas, ampliando as possibilidades de leitura das obras de arte do Inhotim.

Siga o Inhotim no  Facebook, Twitter e Instagram.

Leitura 4 min

Jardim Veredas Tropicais

Lívia Lana

A inspiração vem de João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas. “O senhor estude: o buriti é das margens, ele cai seus cocos na Vereda – as águas levam – em beiras, o coquinho as águas mesmas replantam; daí o buritizal, de um lado e do outro se alinhando, acompanhando, que nem por um cálculo”.

 

O Jardim Veredas Tropicais do Inhotim traz uma interessante leitura de paisagens tipicamente brasileiras num espaço de aproximadamente 6.000 m2 que agrega plantas, caminhos, bancos e espelhos d’água. São mais de 1.000 m² dedicados a três grandes espelhos d’água, repletos de plantas que se confundem com a área ajardinada. Além dos buritizais, é possível, ainda, encontrar um grande arsenal de plantas aquáticas, semisubmersas, plantas “anfíbias”, estas capazes de sobreviver no período das cheias, bem como de se manterem no período da seca. Entre outras espécies em destaque estão palmeiras como as buritiranas, dendezeiros e macaúbas, além dos mulungus e diversos imbés.

 

O buriti (Mauritia flexuosa), a mais alta e mais abundante das palmeiras brasileiras, tem seu nome popular de origem indígena: mbyryti, que significa “árvore da vida”. Por isso, é considerada sagrada por eles. Emblemática no rico bioma do Cerrado, compõe como nenhuma outra as regiões das veredas. Cresce formando grandes bosques, os buritizais.

 

As águas das veredas muito têm a ver com o buriti, como Guimarães Rosa mais uma vez descreve: “os frutos caem na água e são levados para outros locais pela correnteza, quebrando a dormência das sementes e ajudando na dispersão e perpetuação dessa espécie que tem mil e uma utilidades, além de embelezar o Cerrado e ser alimento de diversos mamíferos e aves”. Os buritizais oferecem refúgio para diversos animais, pois formam grandes aglomerados, além de servirem de corredores, ligando uma parte do Cerrado à outra.

 

Essas espécies em seus ambientes naturais estão fortemente ameaçadas, devido à substituição da vegetação de cerrado por, principalmente, eucalipto e escavações em busca de poços artesianos, causando a baixa das águas. A seca também traz a severa ameaça do fogo. A matéria orgânica sem água é como um grande barril de pólvora.

 

O Jardim Veredas Tropicais é uma forma de representar esses biomas e de permitir que o público do Instituto descubra a beleza e variedade de diversas plantas. Durante o mês de novembro, esse espaço é tema da visita temática ambiental. Não deixe de participar! Confira a programação aqui.