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Juliana Perdigão, uma cantora de mil faces

Rodrigo Moura

Em 2011, a jovem cantora Juliana Perdigão, uma amiga nova, me convidou para escrever um texto sobre seu primeiro disco, Álbum desconhecido (você confere o texto abaixo). Desde então começamos um intenso diálogo sobre música, arte e vida, que incluiu a possibilidade de um show em Inhotim, dentro da faixa de programação do Inhotim em Cena dedicado a novos artistas brasileiros. Este show acabou se tornando um espetáculo comissionado, a partir do universo estético e do repertório musical de um dos nossos pavilhões permanentes mais importantes, a Galeria Cosmococa, dedicada à obra de Hélio Oiticica e Neville d’Almeida. O show acontece no teto da galeria, nos dias 6 e 7 de junho, às 15h.

As obras da galeria foram criadas pelos artistas em Nova York, quando os dois viveram intensamente a cena underground na cidade, e trazem trilhas sonoras pensadas especialmente para  as instalações audiovisuais. Jimi Hendrix, John Cage e Yoko Ono, heróis da contracultura e vanguarda americana, surgem ao lado de Luiz Gonzaga e Yma Sumac, referências brasileira e sul-americana. A partir do trânsito entre registros do samba à vanguarda, Juliana abarca uma perspectiva pós-tropicalista (Macalé e Tom Zé, Zé Celso e os Campos, passando por compositores emergentes, como Negro Léo e Ava Rocha) para compor seu próprio repertório. As apresentações marcam o retorno de Juliana aos palcos mineiros, depois de uma temporada se apresentando em São Paulo, onde além de estrear a banda nova e se preparar para um novo álbum solo, atuou como instrumentista e atriz em três espetáculos do Grupo Oficina. É imperdível.

O show foi inspirado na arte de Hélio Oiticica e acontece no teto da Cosmococa.
O show foi inspirado na arte de Hélio Oiticica e acontece no teto da Cosmococa.

Texto de amigo é problema. O primeiro problema é a demora. Você pede o texto e o sujeito diz, claro, e passam-se dois, quatro, seis meses e você com o disco, o  livro, a exposição na boca do forno e nada do texto. O segundo problema é quantas vezes você se encontra com o amigo no meio do processo e falam, entre desinteressados e desesperados, sobre o assunto: mas sobre o que? vai ser o texto. De que? vai falar?  E será? que fica pronto. E o amigo com cara de paisagem. Inútil paisagem. Então, por isso, sem mais delongas, Juliana Perdigão, aqui vai o texto que te prometi. Lembro da primeira vez que te vi, que deve ter sido apenas a primeira que eu me lembro. Na nossa cidade nos vemos muitas vezes antes de acenarmos uns aos outros com a cabeça. O endereço era uma cobertura que eu ocupava preguiçosamente na Rua Santa Rita Durão e o ensejo, não poderia ser mais oportuno, o Natal. Você me visitou e cantou, como uma gata vadia, na cozinha daquele apartamento enquanto eu fatiava verduras distraído. Daí eu me lembrei de ter te visto cantando, meses antes, com tantos amigos em comum, num palco qualquer. Daí eu vi que você simplesmente canta, verbo intransitivo. Não faz muito caso disso, mas quando canta a gente te escuta, verbo transitivo. Daí me lembrei que você também toca o clarinete e, talvez por isso, cante sem fazer tanto caso ou drama disso, acostumada a emitir sons audíveis da região da face. No final te levei no elevador e te disse que curtia teu jeito de cantar. Você sorriu meio tímida e a porta fechou. E desde esta noite a nossa conversa se projetou não apenas para o futuro mas também para trás. Em infinitas varandas, revelamos lembranças em comum, esfrangalhadas mas existentes, de músicas e noites na nossa cidade. Do Squat à Fundação. Ou seria o contrário? Quem lembra sabe. Daquela noite até o teu disco, descobrimos nos conhecer desde sempre. É desta eternidade, Juliana, que eu queria te falar nesta carta.

Pra mim, o divórcio que houve entre a música e o cotidiano brasileiro – era pra falar canção popular e classe média, mas passa assim também – é irreversível. Por isso eu só posso acreditar na música no presente. E cantar o passado é, muitas vezes, viver o presente. Por isso em rodas de sambas gastamos os nossos melhores anos. E você, com teu Álbum Desconhecido, de título inspirado e colaborações mais do que elevadas (este texto escusado), tange justamente este problema, “coisa nossa”, ao elencar autores, em sua maioria, desconhecidos e novíssimos. Música feita da matéria presente, do tempo presente. Esta tua eleição está bem porque no tempo de hoje nos projetamos no passado. E só vamos honrar o nosso “passado de glória”, o nosso “samba tradição”, se colocarmos um “objeto não identificado” no meio da sala. A nossa vingança é poder convidar para a festa dos vivos quem a gente quiser. Só não vale viver do passado. Esta fricção entre o passado e o presente se sente no teu trabalho e no de todos nós que desafiamos a tradição como estagnação. Acompanhei algumas prévias ao vivo deste disco, feito de canções singelas, como você me ensinou, e sei que a diversidade de registros que está aqui não é ecletismo, mas parte da sua personalidade artística. Te vendo cantar no palco, vi uma instrumentista afiada, uma bandleader leal, uma diva mal disfarçada, uma bamba cachaceira, uma intérprete de verdade, na hora de escolher, cantar e dirigir o arranjo. Tais e tão complexas são as tuas mil faces. Mas prometi a mim mesmo despir-me das vestes do crítico para escrever esta carta. O terceiro, último e fatal problema de texto de amigo, Ju, é que não há objetividade que resista a nossa conversa, que já passa de anos e que vai durar muitos mais anos. E, agora, para sempre. Dever cumprido.

Guarulhos, maio de 2011. R.M.

Juliana Perdigão e Os Kurva
Quando: 6 e 7 de junho, às 15h.
Onde: Galeria Cosmococa.

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As mais tocadas do Inhotim

Redação Inhotim

Muitos trabalhos em exibição no Inhotim utilizam a música como componente para envolver o visitante. De trilhas sonoras especialmente criadas a sucessos do jazz, descubra quais são as mais tocadas do Instituto:

 

“Spem in Alium nunquam”, de Thomas Tallis

Provavelmente você nunca ouviu falar dessa música, mas ela ficou conhecida por meio do trabalho Forty Part Motet (2001), da artista canadense Janet Cardiff. Organizados em grupos de cinco, 40 autofalantes reproduzem a composição do século 16 interpretada pelo coral da Catedral de Salisbury, na Inglaterra. Do centro da sala é possível perceber como as diferentes vozes vão compondo um som único. O efeito foi conseguido porque a artista utilizou um microfone para cada voz, reproduzida individualmente em uma caixa de som. Apesar de apresentar notas bem agudas, saiba que apenas homens e garotos compõem o coro. Andar pela sala vai ajudar você a perceber todas as frequências da música.

 

“War Heroes”, de Jimi Hendrix

Desbravar as Cosmococas de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida é uma experiência sensorial completa. Salas com almofadas, balões e até uma piscina gelada fazem parte da proposta dos artistas. Para embalar o público nessa viagem, o repertório vai do canto lírico da peruana Yma Sumac à aleatoriedade das partituras vanguardistas de John Cage. Em Cosmococa 5 Hendrix War (1973), por exemplo, você pode escutar as guitarras distorcidas de Jimi Hendrix no álbum póstumo “War Heroes” relaxando em uma rede colorida.

Cosmococa 5 Hendrix War (1973), de Hélio Oiticia e Neville D'Almeida. Foto: Ricardo Mallaco
Cosmococa 5 Hendrix War (1973), de Hélio Oiticia e Neville D’Almeida. Foto: Ricardo Mallaco

 

“The look of love”, por Dusty Springfield

É difícil conter a surpresa ao entrar na instalação Folly (2005-2009), de Valeska Soares. Se por fora a estrutura lembra um pequeno coreto, por dentro sua arquitetura se multiplica em um enorme salão de baile, reflexo dos espelhos nas paredes internas. Na pista de dança, dois bailarinos dançam solitários ao som de “The look of love”, na versão romântica de Dusty Springfield. Como a sala é bem escura, vale até arriscar alguns passos sem medo de errar.

"Folly" (2009), de Valeska Soares. Foto: Daniela Paoliello
“Folly” (2009), de Valeska Soares. Foto: Daniela Paoliello

 

“Night and Day”, por Frank Sinatra

No coração da Galeria Psicoativa Tunga está Ão (1980), uma instalação que mistura filme e música. Ao som de um fragmento do standard de jazz “Night and Day”, interpretado por Frank Sinatra, um túnel projetado na parede leva o visitante para dentro de uma curva sem fim. Nesse pavilhão ainda dá para escutar “Tereza”, de Arnaldo Antunes, composta especialmente para a obra homônima; “Que c’est triste Venise”, tema clássico de Charles Aznavou, que remete à cidade de Veneza, onde Tunga realizou a performance Debaixo do meu chapéu, em 1995; e “Zenon Zenon”, de Jorge Ben Jor, que dialoga com o trabalho Inside Out, Upside Down (1995) ao entoar “o que está embaixo é igual ao que está no alto, que é igual ao que está embaixo”.

Ão (1980), de Tunga. Reprodução da projeção
Ão (1980), de Tunga. Reprodução da projeção

 

E você, se lembra de alguma outra música marcante na trilha sonora do Inhotim? Conte para a gente aqui!

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Inhotim recebe edição especial do MECAFestival

Redação Inhotim

Na sexta-feira, 23 de janeiro, o Inhotim recebe o MECASpecial, uma edição superespecial do MECAFestival pensada para acontecer no parque! Em comemoração ao quinto aniversário do festival, que acontece ainda este mês em Maquiné (RS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), duas das atrações internacionais da edição 2015 se apresentam pela primeira vez no Inhotim: o duo londrino AlunaGeorge e a banda Citizens!, também da capital britânica. Os shows serão realizados nos jardins do Instituto, próximo ao Magic Square, a partir das 14h e fazem parte da programação gratuita para visitantes. A dica é comprar seu ingresso para o parque com antecedência clicando aqui.

 AlunaGeorge
Influenciada por nomes como Flying Lotus, Mariah Carey, James Taylor, CocoRosie, Van Morisson, Destiny´s Child e muitos outros, AlunaGeorge é um duo de Londres formado em 2009 pela cantora e compositora Aluna Francis ao lado do produtor e instrumentista George Reid. A dupla chega ao Brasil para mostrar as faixas do primeiro disco, intitulado “Body Music”, lançado em 2013. O trabalho reúne as principais referências musicais da dupla e mescla R&B, eletrônico, hip hop experimental e house, orquestrados pela voz suave da cantora.

AlunaGeorge
O duo de Londres AlunaGeorge. Foto: divulgação/MECA

Citizens!
Citizens! é o quinteto londrino formado por Martyn, Thom, Mike, Lawrence e Tom . Em 2012, a banda foi eleita pela revista NME como uma das apostas do ano. Ainda em 2012, a banda lançou os singles “True Romance” e “Repitle” antecipando o disco de estreia que seria lançado pouco tempo depois, o “Here We Are”, do selo francês Kitsuné. O álbum foi produzido por Alex Kapranos, vocalista do Franz Ferdinand. Em 2013, a banda veio para o Brasil e fez uma apresentação memorável no MECAFestival, colhendo os frutos do bem-sucedido álbum de estreia e deixou o público com vontade de quero mais.

Citizens: o grupo retorna ao Brasil com os sucessos do disco "Here We Are", produzido pelo vocalista do Franz Ferdinand. Foto: divulgação/MECA
Citizens: o grupo retorna ao Brasil com os sucessos do disco “Here We Are”, produzido pelo vocalista do Franz Ferdinand. Foto: divulgação/MECA

 Sobre o MECAFestival
Há quatro edições, o MECAFestival vem se consagrando como uma das experiências musicais mais incríveis e memoráveis que acontecem no Brasil. O MECA foi criado para ser um festival de médio porte (5 a 6 mil pessoas), com edições em três cidades diferentes durante o verão, sempre numa locação mais cinematográfica que a outra. Nomes como Vampire Weekend, Friendly Fires, The Rapture e Two Door Cinema Club, entre outros, já passaram pelo festival e garantiram que o MECA fosse considerado “um dos festivais de música mais cool da América Latina”.

Serviço:
MECASpecial – Edição especial do MECAFestival no Inhotim
Local do show: próximo ao Magic Square
Hora: 14h
Entrada: R$ 30 (R$15 meia-entrada). O evento faz parte da programação gratuita do Inhotim para os visitantes.

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Música Contemporânea no Inhotim

Redação Inhotim

No próximo domingo, 19/10, o projeto Inhotim em Cena 2014 encerra sua programação com o Ciclo de Música Contemporânea. Nesta quarta edição, o grupo mineiro Sonante 21 apresenta, juntamente com a cantora americana Martha Herr, a peça Pierrot Lunaire, uma das obras mais influentes da música do século 20. O concerto traz também a estreia de uma composição do mineiro Rogério Vasconcelos, encomendada pelo Inhotim.

 

Escrita em 1912 por Arnold Schoenberg, Pierrot Lunaire é formada por três grupos de sete canções, baseadas em poemas do belga Albert Giraud traduzidos para o alemão. A composição tem caráter expressionista e atonal e faz uso do sprechstimme, técnica vocal intermediária entre o cantar e o falar.

 

Sonante 21

Criado em 2009 pelo músico Fernando Rocha, o grupo mineiro se dedica à pesquisa e performance de obras de câmara de autores contemporâneos, com ênfase em composições brasileiras da segunda metade do século 20 e 21. Nessa apresentação, o grupo terá a seguinte formação: Guida Borghoff (piano), Rommel Fernandes (violino), Elise Pittenger (cello), Maurício Freire (flauta) e Alexandre Silva (clarinete).

 

O Inhotim em Cena tem apresentação da Pirelli, patrocínio dos Correios, apoio da Saritur, participação da Fundação Clóvis Salgado e parceria de Mídia da Sou BH.

 

Serviço:

Ciclo de Música Contemporânea com Sonante 21 e Martha Herr

Instituto Inhotim – Rua B, 20 – Brumadinho/MG

Data: 19 de outubro

Horário: 15h

Local: Teatro Inhotim

Entrada por ordem de chegada, 30 minutos antes do concerto. Lotação 210 lugares

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Passagem de som

Francisco Bosco

Eis uma cena que venho testemunhando inúmeras vezes, já há muitos anos: quando João Bosco vai testar o som, com o teatro ainda fechado, horas ou momentos antes de iniciar o show, as poucas pessoas que, de algum modo, podem estar por ali, vão, aos poucos, interrompendo seus afazeres. Algumas chegam a sentar nas poltronas, como se fossem o público oficial, atraídas pelo que se passa no palco. Ali está João Bosco interpretando músicas de seu repertório doméstico, íntimo, afetivo. Canções que nunca gravou, nem mesmo executou publicamente. Um repertório surpreendente, que percorre desde standards do jazz a trilhas de cinema, passando por clássicos do nosso cancioneiro, invariavelmente reinventados nos termos próprios do seu universo musical. Ninguém se levanta até que aquela apresentação particular tenha fim. Não foram poucas as vezes que já o vi ser aplaudido, ali, no aquecimento, antes mesmo de a bola rolar.

 

Nada mais apropriado para tornar propriamente pública essa cena, pela primeira vez, do que fazê-lo no ambiente experimental do Inhotim, no próximo domingo, 12/10, às 15h. A passagem de som é uma experiência musical protegida das dimensões comerciais e industriais, tantas vezes banalizadas, da música popular. É a cena da pura artesania, do amadorismo, da informalidade das formas mais avançadas, do artista como se estivesse a sós com suas ideias e desejos musicais. É o território da plena liberdade criativa, que uma instituição como o Inhotim acolhe e propicia.

 

Experimental, o show terá João Bosco apresentando suas leituras particulares de clássicos e pérolas obscurecidas pelo tempo, e conversando com o público sobre elas. Ele fala sobre as canções, seus autores, seus modos de pensar a música e os modos como ele, João Bosco, as repensou. Música e metamúsica, portanto.

 

O repertório inclui supresas, como a versão do standard “My favourite things”, já radicalmente transcriado por John Coltrane, que, em passos gigantes, transformou a canção ingênua da trilha de A noviça rebelde em um transe jazzístico sem qualquer inocência. João Bosco dá outro salto e conduz a canção a Áfricas que ela jamais imaginou conter.

 

Em “Estate”, consagrada por João Gilberto no disco Amoroso, João Bosco submete a canção a um pensamento musical como que oposto ao do pai da bossa nova. Se João Gilberto tinha por método repetir a canção várias vezes, aprofundando-a como numa espécie de mantra, numa circularidade característica da música modal, João Bosco leva a canção a uma espécie de discussão, criando para ela um improviso especial e uma melodia alternativa, paralela à original que tocamos abstratamente em nossa memória.

 

Num tal cenário físico e mental, o artista mineiro não poderia deixar de trazer à tona suas próprias Minas Gerais. É assim que ele interpreta o clássico seresteiro “Noite cheia de estrelas”, de Cândido das Neves (morto em Conselheiro Lafaiete, em decorrência de uma pneumonia adquirida no sereno de uma serenata), articulando-a ao clássico universal “Because”, dos Beatles, tornados música mineira pela borgiana influência retrospectiva que neles exerceu o Clube da Esquina, e faz o percurso musical desaguar em “Caça à raposa”, com o barroquismo onírico de suas melodia e letra.

 

Minas ainda retorna quando João Bosco uni o samba “João do Pulo” (também dele e Aldir Blanc) à sua leitura de “Clube da esquina 2”. A associação, aqui, é, digamos, sócio-musical. O campeão mundial brasileiro, negro, que teve a perna amputada, é identificado à ambiguidade da música de Milton Nascimento, tão objetivamente triste, tão subjetivamente alegre. Como se em ambos se revelasse a própria ambivalência brasileira, seus problemas sem solução, suas soluções sem problemas. Nosso mesmo núcleo originante de venenos e remédios, para usar a expressão de José Miguel Wisnik.

 

Muito mais há: “Invitation” (Bronislaw Kapper), “Lujon” (Henry Mancini), “April child” (Moacir Santos), “Medo de amar” (Vinicius de Moraes), além de alguns dos sempre esperados sucessos de sua autoria. Mas não devo estender tanto esse texto. O som de João Bosco passa, no Inhotim, por grandes ideias musicais – iluminando-as, ressignificando-as, mostrando aproximações insuspeitadas e diferenças singulares – como quem passeia pelas obras nos jardins realizando seus próprios percursos mentais. Parafraseando o crítico literário, é um caso atípico, e imperdível, de ideias dentro do lugar.