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Convite à mediação

Equipe de mediadores

A palavra mediação já foi objeto de um esforço enorme de definição e é empregada por diferentes setores da sociedade, de diversas formas. Pode estar relacionada à resolução de conflitos, à interpretação de obras de arte ou, ainda, ser usada para facilitar algum processo.

 

Desde o início de suas atividades, o Educativo do Inhotim desenvolve estratégias que promovem discussões sobre os acervos do Instituto. Esse trabalho se dá por meio da mediação, uma prática que se apoia no diálogo, na autonomia, e, principalmente, na experiência do público.

 

A mediação se revela um instrumento poderoso para a construção de conhecimento. Ela colabora para o reconhecimento do visitante e do mediador como participantes ativos nas principais discussões que permeiam a contemporaneidade. No Inhotim, ela tem o objetivo de criar um espaço seguro para dialogar, questionar e descobrir. São encontros que vão além da primeira impressão e buscam aquilo que nos provoca a pensar, a encontrar a fagulha que nos faz reagir.

 

O que nos desperta o olhar crítico e nos impele a (re)construiur? Entendemos que a construção de conhecimento se dá por meio da exposição a novas imagens, a outros impasses. Essa alquimia tem como resultado um tensionamento poderoso dos nossos limites de pensamento, limites que buscamos expandir.

 

Participar de uma visita mediada no Inhotim é se deslocar para um espaço desconhecido e fazer dele terreno fértil  para arriscar, falar sem medo, improvisar e perceber como nos sentimos nesse contexto.

 

Sinta-se convidado a olhar de perto, a perguntar e a alcançar lugares, memórias e encontros que não estão no mapa!

 

 

Texto de Lília Dantas, supervisora de Arte e Educação do Inhotim

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Palmeiras: ciclo de palestras

Redação Inhotim

Com uma das maiores coleções de palmeira do mundo, o Inhotim realiza, no próximo sábado, 17 de maio, um ciclo de palestras com foto nessa família botânica. Entre os temas de discussão, estão o uso dessas plantas no paisagismo, principais cuidados, reprodução e utilidades. Confira a programação completa:

 

Ciclo de Palestras – O Universo Botânico da Família Arecaceae

Local: Espaço Igrejinha – Instituto Inhotim

Entrada gratuita para visitantes

 

1ª rodada – de 10h às 13h

 

Palmeiras brasileiras novas e pouco comuns

Palestrante: Harri Lorenzi. Engenheiro agrônomo e pesquisador, é fundador e atual diretor do Instituto Plantarum, em Nova Odessa/SP. Foi pesquisador convidado da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e já publicou dezenas de trabalhos científicos e livros sobre botânica.

 

O uso das palmeiras no paisagismo

Palestrante: Pedro Nehring. Paisagista do Inhotim, faz parte da história dos jardins que hoje compõem o instituto desde quando o local era uma propriedade particular. Realizou projetos em diversas cidades do Brasil, como Brasília e Rio de Janeiro.

 

Por que estudar as palmeiras?

Palestrante: Patrícia Oliveira. É graduada em Ciências Biológicas pelo Instituto Izabela Hendrix, e possui mestrado e doutorado em biologia vegetal pela Universidade Federal de Minas Gerais. No Inhotim há 2 anos, hoje faz parte da equipe de pesquisa, desenvolvimento e inovação em jardim botânico e meio ambiente.

 

2ª rodada – de 14h30 às 17h

 

Estudos anatômicos em estruturas reprodutivas de Arecaceae

Palestrante: Sarah Barbosa Reis. Formada em ciências biológicas na Universidade Estadual de Montes Claros. Mestre em anatomia vegetal pelo departamento de botânica da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é doutoranda na mesma linha de pesquisa, também na UFMG.

 

A saúde das palmeiras

Palestrante: Lívia Dias Lana. Engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa. É especializada em paisagismo pelo Instituto de Arte e Projeto, em Belo Horizonte. É responsável pelo setor de sanitarismo do Inhotim e pela manutenção e revitalização do parque.

 

O multiuso das palmeiras no cotidiano

Palestrante: Luiz Eduardo Silva. Graduado em engenharia florestal pela Universidade Federal de Lavras. Integra a equipe de mapeamento e inventário de plantas do Instituto e é responsável pela identificação botânica.

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Inhotim ou Shangri-La

Quando vi aquela máquina colossal, estrangulando uma árvore com garras dinossáuricas, colocada por Mathew Barney no centro de uma redoma, tive dois insights. O primeiro foi: aqui está a capa para o romance Não Verás País Nenhum, um de meus livros mais bem-sucedidos, que mostra o Brasil sem árvores, sem água, aquecido e em constante aquecimento, São Paulo paralisada por gigantescos congestionamentos, a violência imperando. Ainda hei de pedir autorização para uma das próximas edições, essa obra Lama Lamina (2009), símbolo dos tempos atuais.

 

Foi uma das (muitas) coisas que muito me impressionou na minha passagem pelo Inhotim. Nosso tempo está ali refletido. E quando, olhando para o alto, vi a máquina, vi a mim mesmo, vi a densa vegetação que envolve cada pavilhão e vi tudo refletido mil vezes pela cúpula geodésica. Lembrei-me de um dos períodos curiosos de minha vida, a de editor da revista Planeta, publicação que, na época, rompeu fronteiras ao falar de futuro, mundos extraterrestres, de universos paralelos, poder do pensamento, civilizações primitivas mais desenvolvidas que as atuais, descobertas insólitas da ciência. Planeta foi a primeira revista não especializada que falou da Cúpula Geodésica do arquiteto Buckminster Fuller, destinada a “proteger” casas ou cidades. Talvez necessitemos hoje de cúpulas geodésicas para nos proteger da atmosfera poluída, por nós desconstruída.

 

Pensei: isto é arte? O que é arte? Minha resposta é profundamente pessoal. Tudo que é belo (ou terrível) que me impressiona, me faz pensar, me modifica. Acaso o quadro O Grito (1893), de Munch, é belo, suave? Não. E, no entanto, nos encanta porque aquele grito é o nosso; entendemos o porquê dele, a angústia que permeia. Assim, completamente aberto percorri o parque Inhotim. Aliás, a primeira pergunta que fiz foi o porquê desse nome indefinível. Lá atrás, nestas terras, quando aqui ainda era fazenda, havia um americano chamado Timothy. Difícil para o caboclo mineiro pronunciar, abreviaram o nome para Tim, ao qual acrescentaram o nosso brasileiríssimo Nhô (senhor). Nhô Tim. Dai a Inhotim foi um pulo.

 

Como jornalista e escritor, andei mundo. Nunca conheci nada igual, nunca li sobre algo parecido. Admito que à distância é difícil perceber o que é Inhotim. Uma coisa pioneira, audaciosa, utópica. É um museu? É e não é? É uma galeria? É e não é. E o que é então: um parque das artes contemporâneas. E quem não gosta da arte contemporânea? Visite. Pode confirmar seu gosto, pode mudá-lo. Mas não há a mínima possibilidade de sair imune. Quase escrevi impune. Você vai se questionar, vai se render a muita coisa, vai repudiar. Há um truque (seria subliminar?). No momento em que você deixa um dos muitos espaços, se reconcilia com o mundo, a vida, com tudo, envolvido pela vegetação de um dos mais belos parques que conhecemos. Se todos os sentimentos que uma obra despertou (choque, alegria, repulsa, seja o que for) se mantiverem, alegre-se, você foi mudado, metamorfoseado. E vai carregar Inhotim para sempre.

 

Organize-se ao chegar. Converse com os monitores (nem sei se é este o nome que dão ali), apanhe os folhetos. O que desejo ver? Helio Oiticica, Chris Burden, Adriana Varejão, Miguel Rio Branco (insisto, não perca Miguel), Cildo Meireles (questione-se: o que ele pretende com esse vermelho?), Tunga, e dai em diante, porque os criadores são muitos.

 

Aconselho a caminhar, o ar é fresco, há sol e regiões sombreadas, o tempo fica paralisado. Ao se cansar, procure os bancos feitos com troncos do Pequi Vinagreiro, sente-se, deixe-se tomar pelos fluidos que uma árvore centenária traz. No ar, borboletas multicoloridas. E os lagos, os espelhos de água, todos azuis, nos quais o parque se reflete, narciso que é. Conselho final, ali um dia é bom. Mas por que não dois para ver tudo, rever algumas coisas, isolar-se deste insensato mundo? Assim como Swift imaginou Liliput, James Hilton idealizou Shangri-La, J.M. Brarie fundou a Terra do Nunca (Peter Pan) e L. Frank Baum descobriu a terra de Oz, Monteiro Lobato construiu o Sítio do Pica Pau Amarelo, Bernardo Paz criou Inhotim, nosso imaginário exacerbado.

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Combater o desperdício

Fábio Feldmann

Somente a partir do final da década de 1980, a questão ambiental passou a ser uma preocupação mundial. Certamente, hoje qualquer cidadão se ressente dos problemas ambientais. Em Pequim, a poluição do ar exige mudanças. Na Califórnia, a seca dramática pede medidas como o racionamento de água. Em Nova York, esforços são feitos para adaptar a vida na cidade às mudanças do clima e recuperá-la dos impactos do furacão Sandy.

 

E no Brasil? A população nordestina sofre os efeitos da seca prolongada, vivendo da distribuição de água pelos caminhões pipa. Em São Paulo, além do calor insuportável, iniciou-se, em algumas porções da região metropolitana, o racionamento de água. Até aqui, nada de novo. Mas a reflexão que faço diz respeito a determinar se, de fato, chegamos a um ponto no qual compreendemos a nossa vulnerabilidade diante do meio ambiente.

 

Enfrentamos, há menos de uma década, o grave problema do apagão, exigindo da sociedade uma redução significativa no consumo de energia, com resultados extremamente positivos. Fato é que por falta de determinação do poder público, esses esforços se perderam no tempo.

 

Devemos aproveitar essas crises para demandar um combate efetivo ao desperdício. Equipamentos eficientes, arquitetura e engenharia que induzam ao reuso de água. Precisamos criar uma mentalidade de que diminuir as nossas vulnerabilidades – evidentes nas crises de água e de energia no Brasil – depende de uma mudança radical no modo que usufruímos dos nossos recursos naturais.

 

Na próxima terça-feira, 29 de abril, o consultor Fábio Feldmann participa do Inhotim Escola e conversa com o público sobre estilos de vida mais sustentáveis. Confira a programação aqui.