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Novidades no Inhotim Escola 2014

Redação Inhotim

O segundo ano do Inhotim Escola promete movimentar a agenda de Belo Horizonte. Exposições de arte, mostras de filmes, palestras, cursos, saraus, oficinas e uma novidade: em 2014 a temática sobre o meio ambiente entra em cena com o Consumo Consciente na Praça. O projeto, que já começa em abril, vai promover a discussão sobre os hábitos de consumo da sociedade atual para construir um estilo de vida mais sustentável.

 

Entre as ações previstas para o ano está o Dia do Carbono Zero, que pretende promover a redução da emissão de gases efeito estufa. Além disso, os amantes das duas rodas vão poder participar do Pedal Verde, um circuito de bicicleta pela região centro sul de Belo Horizonte para colocar em pauta a questão da mobilidade urbana na capital mineira.

 

O Sarau realizado pelo Inhotim Escola em 2013 reuniu diversas pessoas na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
O Sarau realizado pelo Inhotim Escola em 2013 reuniu diversas pessoas na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Foto: Ricardo Mallaco

 

Já no universo das artes, também em abril o público tem a oportunidade de conversar com o curador do Inhotim Jochen Volz sobre a relação entre arte e arquitetura na construção de pavilhões de arte. Jochen já organizou diversas exposições pelo Brasil e o mundo, incluindo a mostra internacional da 53a Bienal de Veneza. Desde 2012, ele também é curador-chefe da Serpentine Gallery, em Londres. Entre outras atividades, a programação do Inhotim Escola inclui o seminário Visão Yanomami, que tem como tema o trabalho da fotógrafa Claudia Andujar. Suíça radicada no Brasil desde a década de 1950, além de registrar a vida do povo Yanomami, Andujar se tornou uma grande ativista da causa indígena no País.

 

Os antigos prédios que fazem parte do Circuito Cultural da Praça da Liberdade continuam abrigando parte das atividades. Mas, neste ano, o Inhotim Escola amplia suas ações para diferentes locais da capital mineira e outras cidades, deixando de ter uma sede fixa em Belo Horizonte. Até hoje, os eventos realizados pelo projeto já contaram com mais de dois mil participantes.

 

Ficou interessado? Descubra mais sobre o Inhotim Escola aqui.

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De onde vem o Carnaval?

Redação Inhotim

Nem todo mundo sabe, mas o Carnaval é muito mais antigo que os trios de Dodô e Osmar em Salvador, na Bahia. Essa festa popular tem suas origens em celebrações como a Saturnália, quando Roma Antiga parava para festejar o deus Saturno. Segundo a mitologia, foi ele quem ensinou a prática da agricultura aos homens e, nesses dias de festa em que aconteciam em dezembro, os amigos se presenteavam com flores e alimentos típicos da estação.

 

Pegando carona nessa história, quem visitar o Inhotim durante o Carnaval será presenteado com sementes de palmeira licuri (Syagrus) e butiá (Butia) como forma de agradecer à natureza e ao público por fazerem do parque um lugar tão único e transformador. Essas espécies não foram escolhidas por acaso. Além de marcarem presença nos jardins do Inhotim, elas estão retratadas em diversas obras do artista Luiz Zerbini, expostas na mostra amor lugar comum, instalada na galeria Praça desde outubro de 2013.

 

Pintura e jardim: detalhe da obra "Lago Quadrado" (2010), de Luiz Zerbini, e a mesma planta no acervo botânico do parque.
Pintura e jardim: detalhe da obra “Lago Quadrado” (2010), de Luiz Zerbini, e a mesma planta no acervo botânico do parque. Fotos: Rossana Magri

 

Em referência à obra Olê ô picolê (2007), de Marepe (leia sobre o artista aqui), exposta na galeria Lago, os educadores farão intervenções junto aos carrinhos de picolé que circularão pelo parque. Os visitantes irão receber recortes de textos sobre o artista ou escritos por ele, num convite para conhecer seu trabalho.

 

Já os foliões-mirins poderão confeccionar máscaras de carnaval com materiais que seriam descartados. As ações acontecem pelo parque, de sábado (1/3) a terça-feira (4/3), de 10h às 12h e de 14h às 16h. Para saber mais clique aqui.

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Simplesmente Marepe

Equipe de mediadores

Marcos Reis Peixoto, ou simplesmente Marepe, nasceu em Santo Antônio de Jesus, uma cidadezinha no Recôncavo Baiano. Seus trabalhos presentes no Inhotim se relacionam com a identidade cultural nordestina e a simplicidade de seu local de origem, mas vão muito além. Mais que enfatizar as dramaticidades dos problemas sociais e talvez da seca, Marepe potencializa discussões acerca dos próprios estigmas criados para o nordeste.

Obra "A Bica" (1999), de Marepe
Obra “A Bica” (1999), de Marepe

A Bica (1999), Cabra (2007) e Olê ô picolê (2007), os três trabalhos do artista atualmente em exposição no Inhotim, oferecem ao público uma experiência do cotidiano enobrecida de significações, comum em sua produção. Marepe faz uso recorrente de materiais não-nobres, como papelão, borracha, latas de cerveja e outros objetos do dia a dia, construindo matéria a partir de ideias, de uma forma que ele gosta de chamar de intuitiva, ainda que repleta de influências.

Obra "Olê ô picolê" (2007), de Marepe
Obra “Olê ô picolê” (2007), de Marepe

Ao reutilizar produtos que, retirados de seu contexto, ganham novas significações, Marepe é recorrentemente associado ao artista francês Marcel Duchamp, ligado ao Dadaísmo, movimento da vanguarda modernista surgido no início do século 20. A arte conceitual, quando decomposta e desdobrada em filosofia, informação, linguística, matemática, autobiografia, crítica social, deixou um legado na história da arte, do qual o artista lança mão para criar um trabalho que traduza suas ideias, vivências e memórias.

Obra "Cabra" (2007), de Marepe
Obra “Cabra” (2007), de Marepe

Seus trabalhos não são apropriações de objetos que adquirem novos simbolismos, mas são confecções de objetos semelhantes aos do cotidiano de muitas pessoas, que, como obras de arte, adquirem novos simbolismos. Marepe chama essas recriações simbólicas de nécessaire, e não ready-mades, como os de Duchamp.

 

No parque, muitas vezes a simplicidade criativa de Marepe é percebida com certo estranhamento. Suas obras propõem o diálogo, o reconhecimento cultural e a reflexão de questões recorrentes na arte contemporânea, com jeitinho brasileiro e nordestino ao mesmo tempo.

 

 

Texto de Beatriz Alvarenga, Daniela Rodrigues, Marília Balzani e Pedro Vinícius, mediadores de Arte e Educação do Inhotim

 

 

Em fevereiro, a visita temática artística propõe uma reflexão sobre a obra de Marepe no Inhotim. Confira a programação aqui.

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… até agora

Everton Silva

Quando comecei a trabalhar no Inhotim em 2006, alguns dos meus colegas já estavam ajudando a plantar a semente deste projeto que temos hoje. Perto deles, não tenho uma história assim tão longa no parque. Para se ter uma ideia, tem gente que está aqui há mais de 20 anos, quando a região ainda abrigava a antiga Fazenda Inhotim, berço do que seria um instituto internacional, referência no Brasil e no mundo. De qualquer forma, também me considero parte importante dessa bonita trajetória.

 

Desde a minha chegada ao Inhotim, as coisas mudaram de forma esplendorosa. Há oito anos o parque não era como hoje, mas já estava além de tudo que eu tinha visto. Nasci em uma comunidade quilombola e me mudei para Brumadinho com 12 anos, acompanhando minha avó, que precisou trocar de emprego. Na época, o Inhotim tinha outro nome, menos visibilidade e recebia apenas escolas particulares e algumas pessoas convidadas. Coisa bem simples, que contava com uns poucos funcionários da área de educação. Diferentemente de hoje, não havia um monitor sequer.

 

Cheguei à instituição para ser tratador de aves aquáticas e logo me tornei o menino dos patos. Exercer a minha atividade era extremamente prazeroso. Mas uma das coisas mais decisivas da minha vida aconteceu nesse período: entrei em um curso de graduação em História. Confesso que, no começo, foi um pouco complicado, devido ao choque cultural que sofri. Não tinha intimidade com os estudos, afinal, dentro da minha família, não contava com influências e nem incentivo.

 

Finalizei a faculdade em 2009 e me transferi para a equipe de Educação Ambiental do Instituto, encerrando um ciclo fantástico para mim. Como mediador de visitas, o que mais gostava era de atuar com os alunos da Escola Integrada. Eram meninos, em sua maioria, muito carentes, e precisavam de apenas um olhar ou um carinho para que tivessem um dia fantástico.

 

2010 foi mais um daqueles períodos repletos de mudanças, quando me matriculei na faculdade de Direito. Eu colocava em curso mais um projeto de vida. Mudei para a equipe de Inclusão e Cidadania do Inhotim, na qual permaneço até hoje. O trabalho realizado não é simples, mas as conquistas são recompensadoras. Já desenvolvi projetos com a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Brumadinho (Ascavap), as comunidades quilombolas e o programa Inhotim para Todos. Cada um com a sua especificidade, mas todos gratificantes, pois atuam diretamente na transformação do indivíduo como ente social.

 

Essa é minha história no Instituto Inhotim até agora.

 

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Melodias que embalam sonhos

Redação Inhotim

Música para sonhar mais alto. É pensando nisso que o maestro César Timóteo, novo coordenador dos projetos musicais do Inhotim, projeta o futuro. Filho de mãe pianista, César começou a estudar violino ainda criança. Hoje, já violinista, cantor lírico e regente, ele busca despertar a musicalidade e o talento de cada aluno dos projetos que irá acompanhar. O maestro conversou com o Blog do Inhotim e contou um pouco da sua trajetória e das expectativas para essa nova etapa de sua vida.

 

 

Blog do Inhotim – Conte-nos um pouco da sua trajetória na música.

 

César Timóteo – Não consigo delinear o momento exato em que fui absorvido pela música. Minha mãe é pianista e isso me influenciou muito. Pude, através dela, ter um contato precoce com essa arte fascinante. Aos nove anos de idade iniciei meus estudos de violino, vindo a me tornar um violinista profissional na minha adolescência e juventude. Me formei também em canto lírico posteriormente, participando de apresentações como solista em óperas e oratórios. Após vários anos atuando como violinista e cantor decidi estudar regência, que veio a se tornar minha principal ocupação musical. Tive a oportunidade de dirigir orquestras no Brasil e exterior além de conviver com grandes nomes da música que me influenciaram de forma significativa, dentre os quais destaco o violinista Max Teppich e o maestro Isaac Karabtchevsky.  

 

 

BI – Qual a sua opinião sobre o potencial de música que tem Brumadinho e seus moradores?

 

CT – A música faz parte do desenvolvimento de todas as comunidades, ela é necessária. Em Brumadinho não é diferente. É preciso oferecer oportunidade de aprendizado às pessoas, despertando dentro delas a musicalidade.  O aprendizado e estudo de música, seja através de um instrumento musical, ou do canto, tende a organizar e aflorar essa musicalidade trazendo equilíbrio, desenvolvimento e possibilidades de sonhar mais alto. Não tenho dúvidas de que Brumadinho seja um celeiro de talentos musicais, que certamente haverão de ser revelados.

 

 

BI – Quais são os projetos que irá coordenar? Conte um pouco mais sobre cada um deles.

 

CT – Coordenarei coros Infantil, Juvenil, Adulto e Escola de Cordas. São projetos desenvolvidos pelo Inhotim, com realização do Ministério da Cultura e patrocínio da Vale do Rio Doce. Em 2014, passam a funcionar de forma mais unificada, com a atuação de uma equipe de professores convidados de Belo Horizonte. Todos eles tem como objetivo promover o desenvolvimento social, musical e artístico nas comunidades da região do Vale Médio do Paraopeba, atendendo não só jovens de Brumadinho, mas também Mario Campos e Bonfim. Os alunos têm a oportunidade de fazer aulas teóricas e práticas gratuitamente, e são, em sua grande maioria, advindos das redes públicas de ensino.

 

 Com atividades semanais, esses alunos inscritos têm a oportunidade de estudar técnica vocal e teoria da música, além de praticar instrumentos como violino, viola, violoncelo e contrabaixo.  No trabalho de canto coral e orquestra, os alunos podem vivenciar a música em conjunto, desenvolvendo aspectos de percepção harmônica e cooperativismo. Semestralmente são abertas mais vagas e os interessados devem preencher uma ficha de inscrição na sede do projeto em Brumadinho.

 

 

BI – Quais as novidades para 2014 no que diz respeito aos projetos que o Inhotim desenvolve?

 

CT –  Vamos trabalhar para a unificação dos projetos sociais que envolvem música com uma visão de alcance nacional. É importante consolidar as ações em Brumadinho e arredores, para que, dentro de algum tempo possamos alcançar também outros municípios. Valorizaremos as ações em conjunto. A vivência musical deve ser desenvolvida de forma menos individualizada e mais coletiva. Teremos também a aquisição de dois pianos novos para os trabalhos de canto coral e aulas de percepção musical, além de novas instalações em Brumadinho, maiores e mais adequadas para as aulas e ensaios.

 

 

BI – Quais as suas expectativas para essa nova trajetória junto aos alunos dos projetos?

 

CT – Quero acompanhar de perto o desenvolvimento de cada aluno. É importante conhecê-los para indicar-lhes o direcionamento correto. Minha expectativa é de ver o crescimento musical deles, de vê-los sonhar com novas possibilidades.  A arte proporciona isso. Que o aprendizado e prática musical possam ser fatores influentes no desenvolvimento humano dos alunos e da comunidade de Brumadinho. Que possam afetar de forma positiva suas decisões e atitudes para uma melhor qualidade de vida e convivência social.