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Um festival no campo

Lilia Dantas

Muitos não sabem, mas existe em Brumadinho um assentamento de reforma agrária que é referência para outros da região. O Assentamento Pastorinhas, onde vivem e trabalham 20 famílias, além de fornecer alimentos de qualidade para escolas e outras instituições da região, tem sido um importante colaborador de algumas ações de educação do Inhotim. Por diversas vezes suas lideranças participaram de palestras e conversas sobre agricultura familiar, agroecologia e alimentação promovidas pelo Inhotim, além de nos receberem em visitas por lá.

Em 2017, entretanto, essa relação ganhou novos contornos. Pela primeira vez, jovens assentadas fazem parte das turmas dos projetos Laboratório Inhotim e Jovens Agentes Ambientais. A presença delas intensificou e deu forma a um desejo antigo: levar o Festival de Rua que realizamos anualmente desde 2014 para o campo e construí-lo com e para uma comunidade específica.

A história de luta do lugar e de seus moradores, bem como sua expertise e carinho com a terra, inspirou o desenvolvimento de ambos os projetos ao longo do ano. No Laboratório, investigamos a baixa tecnologia como estratégia para a solução de problemas. Pelo caminho, nos deparamos com a medicina natural alternativa e experimentamos chás e xaropes feitos com ervas medicinais para a cura dos males do corpo e da alma. Com os Jovens Agentes Ambientais, conhecemos a dimensão do impacto causado no planeta pelo consumo e descarte indiscriminado de bens, elaboramos e divulgamos uma campanha pela diminuição do uso de plástico e compreendemos a complexidade da situação fundiária do país.

Como resultado dessas trajetórias nasceu o Festival Terrará, cujo nome brinca com a palavra terra transformando-a em verbo conjugado no futuro. O evento acontecerá na área comum do assentamento, um espaço que abriga uma capela ecumênica e um pequeno galpão aberto a toda a comunidade. Na programação, uma mistura de propostas vindas dos nossos jovens e dos agricultores assentados. O plantio de ervas medicinais, por exemplo, nasceu como um desejo dos moradores e se transformou em uma oficina durante a qual o visitante poderá aprender sobre o tema com meninos e meninas de 13 a 15 anos que, por meses, se dedicaram a pesquisas, testes e experimentações para realizá-la.

Dessa forma, as ações de educação do Inhotim reafirmam sua vocação para criar interseções e leituras transversais entre arte, meio ambiente e o território local. Agradecemos ao Assentamento Pastorinhas pela parceria e inspiração e convidamos a todos para participar do Festival Terrará.

Confira a programação completa e participe!

Programação gratuita
. Trilha ecológica
. Oficina de plantio de ervas medicinais
. Oficina de produtos naturais
. Queima de cerâmica
. Feira de orgânicos

Palco aberto
. 15h30 Show com Sanráh

O Assentamento Pastorinhas está localizado entre os distritos de Monte Cristo e Tejuco, Brumadinho – MG.

Transporte
Ônibus gratuito com saída da rodoviária de Brumadinho às 9:30h, sujeito à lotação. Retorno às 17h.

Informações: (31) 3571–9741

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Inhotim é espaço de pesquisa e debate para Jovens Agentes Ambientais

Redação Inhotim

“O que mais me encanta aqui é a diversidade. Durante nossos encontros, sempre percebo o quanto é importante sermos 25 jovens com tantas diferenças, desde a forma como fomos criados até o lugar onde moramos e a orientação sexual. Isso faz com que nossos debates sejam completos, faz com que a gente construa uma consciência que passa por realidades diversas.”

Quando questionada sobre o que mais gosta nos encontros dos Jovens Agentes Ambientais (JAA), Kelen logo responde: as diferenças. Integrante do projeto desde o começo do ano, a estudante de 15 anos já participou de um grupo de coral e da Escola de Cordas do Instituto. Assim que foi avisada na escola sobre as inscrições para o JAA, se inscreveu sem pensar duas vezes. “Aqui é minha segunda casa”, conta.
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O programa, que conta atualmente com o patrocínio da IBM e da Aliança Energia, é desenvolvido pelo Instituto Inhotim desde 2008 e tem como objetivo a formação de jovens matriculados na rede pública de ensino do município de Brumadinho para a inclusão socioambiental. Durante todo o ano, são pensadas atividades que estimulam discussões sobre sustentabilidade, consumo consciente e qualidade de vida na contemporaneidade, e que despertam um olhar crítico para a busca de mobilização social em prol do meio ambiente. As temáticas são sempre abordadas de forma a serem aplicadas na própria comunidade onde os integrantes moram.

A cada ano, 25 jovens entre 14 e 17 anos são selecionados para compor a turma e receber uma formação intensiva na área de meio ambiente e responsabilidade social. O processo de seleção não é pautado por análise de desempenho escolar ou conhecimento prévio. Durante as dinâmicas de seleção, busca-se identificar jovens que demonstrem sua inquietude diante dos desafios contemporâneos como questões de gênero e sexualidade, representatividade política no Brasil e democracia, ou sobre o papel do jovem na sociedade. Os encontros entre jovens e educadores acontecem duas vezes por semana durante todo o ano letivo, nas dependências do Instituto Inhotim.

Ana Clara Silva tem 16 anos e foi uma das selecionadas para compor o grupo deste ano. Para ela, a chance de entender os ciclos do ambiente é o que mais a instigou a participar do projeto. “Uma relação ambiental difere muito do que as pessoas pensam que é óbvio. Por exemplo, uma pessoa tem a noção que o meio ambiente é só a floresta. Mas o lugar em que você vive já é um ambiente, o seu ciclo, o que você faz, é o seu ambiente. Aqui aprendemos isso e aprendemos as formas de melhorar esses lugares”, explica. 20170517_JAA_ William Gomes-1017

Através de discussões temáticas, pesquisas no Jardim Botânico Inhotim e ações de diagnóstico e intervenção realizadas em diferentes comunidades, o programa desperta o envolvimento e desenvolve as habilidades necessárias para que esses jovens trabalhem individual e coletivamente, tendo o Inhotim como ponto de partida para pesquisas, reflexões e experimentações. A metodologia do programa se baseia, ainda, na relação com o município de Brumadinho, principal espaço de atuação e objeto de investigação no contexto do projeto.

Neste ano, é a vez dos 25 jovens mergulharem em temas como agricultura familiar, alimentação e consumo consciente. No final do ano, é a vez de mostrarem os resultados dos dias de pesquisa, debate e imersão durante o Festival de Rua que realizam junto aos jovens do Laboratório Inhotim. Desta vez, realizado em uma comunidade rural de Brumadinho.

O Projeto Jovens Agentes Ambientais de 2017 teve o patrocínio da IBM e da Aliança Geração de energia por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

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9 dicas para aproveitar os feriados no Inhotim

Redação Inhotim

Um feriado é sempre um bom motivo para visitar o Inhotim. Com mais tempo livre, você pode optar por ir mais dias ao Instituto e conhecer o 140 hectares com calma, aproveitando para descansar.  Durante os recessos, o Inhotim normalmente está aberto das 9h30 às 17h30. Preparamos uma lista com algumas dicas que vão te ajudar a planejar e aproveitar sua viagem:

1- Compre seu ingresso online. Essa é uma boa forma de não perder tempo na fila. Se você for visitar o Inhotim por mais de um dia, vale a pena dar uma olhada nas opções de passaporte, com preços promocionais.

2- Escolha o melhor transporte. O acesso ao Inhotim pode ser feito de carro ou de van e ônibus para quem está em Belo Horizonte. As vans saem do Hotel Holiday Inn (R. Professor Moraes 600, Bairro Funcionários), em todos os dias do feriado, com saída às 8h15 e retorno às 17h30. O valor da van é de R$ 66, incluindo ida e volta. Já os ônibus partem da rodoviária de Belo Horizonte (Praça Rio Branco, 100, Centro – plataforma F2), com saída também às 8h15. O preço é de R$ 36,05 a ida e R$ 32,50 a volta.

3- Use roupas e calçados confortáveis. São 140 hectares de visitação para serem explorados, 23 galerias e 7 jardins temáticos. Não se esqueça também do protetor solar e da garrafinha de água para se hidratar sempre.

4- Conheça nossas visitas gratuitas. O Inhotim oferece, durante todos os feriados do ano, dois passeios mediados que são uma chance de conhecer melhor os acervos botânico e artístico do Instituto. A Visita Temática acontece às 10h30 tendo cada mês um tema diferente. Já a Visita Panorâmica sai em dois momentos, às 11h e às 14h, dando ao visitante uma visão geral do Parque.

5- Vá à Estação Educativa para Visitantes. Localizada no Centro de Educação e Cultura Burle Marx, na rota rosa do mapa, o local é um ponto de encontro entre visitantes e educadores, onde você pode pedir auxílio para montar o seu roteiro e ainda se informar sobre a programação do Instituto.

6- Confira a programação mensal. No site do Inhotim, você pode conferir, de acordo com o dia da sua visita, se quer participar de alguma atividade.

7- Baixe o Aplicativo Inhotim. Ele está disponível para Android e iOS. A ferramenta amplia as possibilidades do visitante, seja ajudando a entender melhor os acervos, seja facilitando a localização ou informando sobre as atividades oferecidas no Parque.

8- Garanta suas lembrancinhas. Os acervos do Inhotim inspiram as coleções da nossa loja, que tem produtos desenvolvidos para crianças e adultos. Tudo para que você possa levar pra casa o gostinho do Inhotim e instigar os seus amigos a vivenciarem a visita ao Parque.

9- Capriche nas fotos. O Inhotim é um lugar inspirador e os bons momentos merecem ser registrados. Compartilhe essas memórias com a gente usando #SintaInhotim. Aliás, já segue o nosso Instagram?

Boa visita!

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Orquestra apresenta “Os Jardins de Inhotim”

Redação Inhotim

A Orquestra Jovem Inhotim, composta por alunos da Escola de Cordas, fará dois concertos especiais esta semana. No dia 8 de dezembro, os jovens se apresentam no Memorial Minas Vale, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, às 19h. Já no dia 10, a apresentação será no Teatro Burle Marx, no Inhotim, às 15h. Nestes dias, a Orquestra Jovem Inhotim tocará para o público a música “Os Jardins de Inhotim”, obra orquestral mais recente do compositor Jônatas Reis, que será estreada sob a regência do maestro César Timóteo.

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“Os Jardins de Inhotim” é uma homenagem aos jardins do Parque e foi inspirada na beleza, imagens e sensações que eles evocam. A obra foi escrita na forma de uma Suíte com cinco movimentos:

O movimento inicial, “As Palmeiras”, tem um clima festivo e alegre, como se as palmeiras enfileiradas dessem as boas-vindas aos visitantes.

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O segundo movimento, “A Vista do Lago”, num movimento calmo repleto de belas melodias, traduz a tranquilidade e serenidade que a vista do lago proporciona.

O terceiro movimento, “O Jardim Desértico”, utiliza melodias exóticas que remetem às distantes e desérticas paisagens orientais.

No quarto movimento, “O Largo das Orquídeas”, toda a beleza e singeleza que as flores inspiram são retratadas por um movimento carregado de lirismo e poesia.

O movimento final, “A Árvore Tamboril”, é uma homenagem à emblemática árvore cuja copa frondosa inspirou um movimento com ritmos vigorosos e excitantes, culminando num clima majestoso, quando as melodias nos trazem à lembrança a música do interior brasileiro de onde a árvore é originária.

Com foco no desenvolvimento humano, a Escola de Cordas integra o Programa Inhotim Musical desde 2012. O projeto, que tem como missão promover o desenvolvimento sociocultural de seus participantes e contribuir para a consolidação do potencial artístico da região, tem o patrocínio exclusivo da Vale e propicia o aprendizado de instrumentos de cordas (violino, viola de arco, violoncelo e contrabaixo acústico) para 90 crianças e jovens moradores de Brumadinho e Mário Campos. Os alunos se encontram três vezes por semana no Educativo do Inhotim para ensaios e aulas de teoria e prática musical.

Confira as informações sobre os concertos e participe.
Data: Quinta-feira, 08/12
Local: Auditório do Memorial Vale, Praça da Liberdade – Belo Horizonte
Horário: 19h
Entrada gratuita. Sujeita à lotação.

Data: 10/12
Local: Teatro Burle Marx – Inhotim
Horário: 15h
Entrada gratuita para os visitantes do Parque.

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O efeito da dança em outros corpos

Jéssica Cruz

Uma das mágicas que fazem do mundo um lugar interessante é aquela que o “efeito bocejo” produz. Uma pessoa espreme os olhos, contrai as costas, abre os braços, a boca, vocaliza algo. Outro observa e sem perceber está bocejando também. Esse contágio se apresenta em diversas formas, e numa das minhas últimas experiências consegui identificá-la na dança. Observar o corpo do outro dançar traz para o nosso corpo uma espécie de resposta/vontade de movimentá-lo, de usá-lo como suporte para outra função que não seja cotidiana, mas sim expressiva.

No dia 4 de maio, os jovens do Laboratório Inhotim sabiam que veriam um espetáculo de dança. Eles chegaram ao Instituto em Março deste ano e, desde então, estão sendo provocados a testar e questionar antigas certezas. Dentre essas provocações, eles já vêm fazendo algumas experimentações corporais propostas pelos educadores, na tentativa de se livrarem do bichinho da estranheza. Caminharam pelos jardins e galerias de formas improváveis. O que eu posso ver agora que caminho de lado? De costas? O que as pessoas vão pensar ao me ver agindo desse modo inesperado? Tirar o corpo do lugar comum foi o primeiro passo para uma série de descobertas.

No espetáculo “Passagem”, do Grupo de Dança Primeiro Ato, os estímulos encontraram terreno fértil na cabeça e nos corpos dos meninos e meninas. Os movimentos de passagem e desvio dos bailarinos, representando os modos de circulação pelas ruas das grandes cidades, aos poucos deram lugar a olhares sensíveis, movimentos mais orgânicos e encontros. Ao final, a caminhada dos jovens para o Centro Educativo Burle Marx foi tudo, menos convencional. Contagiados, eles aguardavam ansiosos o momento em que iam se encontrar com os bailarinos para uma oficina, dias depois.

Na oficina, dividida em um módulo teórico e o outro prático, os jovens puderam entrar em contato com a concepção de um espetáculo de dança contemporânea. Nesse primeiro momento, Suely Machado e Alex Dias falaram de forma muito generosa e acessível sobre suas formações, trajetos e os diversos espetáculos que já criaram com o grupo. Alguns dos jovens que já estão a mais tempo no projeto, pesquisando sobre o universo da dança e da performance, se sentiram muito à vontade em conversar sobre suas percepções, além de fazerem perguntas sobre as referências conceituais de cada espetáculo e sobre como se dá a colaboração com outros artistas.

Após apresentação, integrantes do Grupo 1º Ato deram uma oficina para os jovens do Laboratório Inhotim. Foto: William Gomes.
Após apresentação, integrantes do Grupo Primeiro Ato deram uma oficina para os jovens do Laboratório Inhotim. Foto: William Gomes.

Em campo, a antiga Estação Ferroviária de Brumadinho e hoje Arquivo Público, se tornou palco para a criação de várias pequenas improvisações. Não por acaso, saímos do Instituto para ocupar esse espaço da cidade, que é sempre entendida como importante objeto de estudo e retorno para o projeto. Lá eles foram incentivados a se dividir em equipes e, ao som de uma música, pôr a prova movimentos, alturas, velocidades, ritmos e comandos.

A experiência com o grupo foi de fato transformadora e tem contribuído muito para o diálogo e amadurecimento dos jovens em suas próprias proposições. A reflexão também parece se deixar reger pelo “efeito bocejo”.

Depois de uma troca de experiência com os jovens do Laboratório Inhotim, Suely Machado, fundadora do Grupo 1º Ato, e o coreógrafo Alex Dias fizeram um exercício de reflexão com o grupo. Foto: William Gomes.
Depois de uma troca de experiência com os jovens do Laboratório Inhotim, Suely Machado, fundadora do Grupo Primeiro Ato, e o coreógrafo Alex Dias fizeram um exercício de reflexão com o grupo. Foto: William Gomes.