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Ciclo de Música Contemporânea 2014

Fernando Rocha

Na década de 1980, Belo Horizonte era um dos centros mais importantes de música contemporânea do Brasil. Diversas apresentações eram realizadas pela Fundação de Educação Artística e o Palácio das Artes, sempre com ótimo público. Com o passar dos anos, isso se perdeu, mas sempre acreditei que poderia haver uma retomada.

 

Em 2009, iniciei um grupo de música contemporânea em Belo Horizonte, chamado Sonante 21. Fizemos vários concertos e, por meio deles, conheci o Rodrigo Moura, curador do Inhotim. Juntos, elaboramos o Ciclo de Música Contemporânea, um evento inspirado naquele movimento dos anos 1980, em completa sintonia com a proposta do Instituto.

 

A música contemporânea está intimamente ligada à experimentação. Ela surge da tradição da música de concerto, da música clássica, mas está baseada na busca por novas linguagens. É um processo que envolve a investigação de timbres e sons em sua concepção pura. Tudo que produz ruído pode fazer música. E a possibilidade de levar tudo isso para dentro do Inhotim é muito interessante, já que é um espaço de inovação, reflexão e transformação.

 

Do primeiro ciclo, em 2012, até hoje, foram oito concertos que trouxeram obras de compositores fundamentais da música contemporânea. Para este ano, o CMC cresce e conta com quatro concertos, diversos músicos mineiros e de outros países e intensa interação para improvisar e criar novas obras ou instrumentos.

 

A programação começa no domingo, 13 de abril, com a pianista Xenia Pestova, cujo primeiro CD solo, Shadow Piano, acaba de ser lançado na Europa. No Inhotim, ela apresenta obras escritas para o piano de brinquedo, que criam uma atmosfera lúdica, embalada pelo som metálico característico desse instrumento. Ela também dialoga, por meio da improvisação livre, com os músicos Franziska Schroeder (saxofone, Irlanda), Matthias Koole (guitarra, Brasil), Henrique Iwao (eletrônica, Brasil) e a dançarina Dorothé Depeauw (Bélgica/Brasil). O evento acontece no Teatro de Arena do Inhotim, às 15 horas.

 

2014 será um ano cheio de experimentação, sonoridades variadas e grandes obras musicais. Confira o que estamos planejando  clicando aqui.

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Utopia realizada

Redação Inhotim

“Criado de maneira intuitiva, o Inhotim não foi preconcebido e não houve um planejamento sistemático. Com o passar do tempo, fui percebendo que tudo que estava sendo formado transcendia a posse individual. Havia um valor como conjunto de acervo botânico e de arte que deveria se tornar um patrimônio acessível a todas as pessoas.

 

Inhotim tem ganhado contornos reais de um novo modelo de vida, daquilo que vislumbramos como a vida pós-contemporânea. O contato com a cultura, com a natureza, com as manifestações artísticas e com a beleza desperta a curiosidade das pessoas e, assim, elas se sentem estimuladas a aprender cada vez mais e a ser melhores no presente e no futuro. Inhotim é um paradigma no mundo, não existe nada igual.

 

Mas se isso tudo pode parecer utopia, eu escutei do crítico de arte Hans Ulrich Obrist quando esteve no parque: ‘Isto aqui é a utopia realizada’.”

 

Quer conhecer um pouco mais sobre a filosofia do idealizador do Inhotim? Então assista à palestra que Bernardo Paz fez na  Oasis Summit, em Los Angeles/EUA.

 

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Construindo espaços

Equipe de mediadores

Pensar a relação que a arte tem com o céu é uma tarefa relativamente fácil no Inhotim, famoso por apresentar parte de seu acervo ao ar livre. A disposição das galerias pelo parque e os caminhos construídos para se chegar até elas estimulam novos fluxos e discussões sobre o encontro entre a arte contemporânea e o jardim botânico.

 

A visita temática Construindo Espaços: o museu e o céu propõe uma discussão acerca desse ambiente de encontros e oferece outros olhares sobre as obras externas em exposição. Se a interação entre arte e natureza cria um novo espaço, criam-se também novos posicionamentos, livres de limites e abertos ao desconhecido.

 

Na vastidão de possibilidades do Inhotim, podemos encontrar obras e artistas questionadores desse equilíbrio entre significações e experiências. Waltércio Caldas, com sua Escultura para todos os materiais não transparentes (1985), força o olhar a “olhar de novo”. A escultura aparentemente incompleta estimula a pensar justamente os vazios, os silêncios e o ritmo. 

Waltercio-Caldas
Waltércio Caldas, Escultura para todos os materiais não transparentes, 1985.

 

Vegetation Room Inhotim (2010), da espanhola Cristina Iglesias, propõe um jogo óptico entre imagens refletidas em um espelho e a paisagem do lugar. Concebida especificamente para uma clareira na mata do parque, a obra consiste em uma estrutura espelhada imersa na natureza, promovendo encontros sensoriais. 

   

Esses artistas escolheram incorporar o espaço em que seus trabalhos estão inseridos como elementos de sua própria existência e, assim, tecer relações com o corpo de quem os olha. A significação que damos a elas acontece desse encontro, mas as provocações tendem a se diferenciar a cada espaço, a cada dia, a depender do tempo, do humor, do cansaço do corpo, do estupor da mente.

 

Convido a todos a lançar novos olhares para os espaços do Inhotim e perceber aquilo que considero o verdadeiro papel da arte: criar movimento.

 

Texto de Marília Balzani, mediadora de Arte e Educação do Inhotim

 

Ficou com vontade de participar da visita temática Construindo espaços: O museu e o céu? Então clique aqui e fique por dentro dos dias e horários em que atividade acontece.

 

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Dança contemporânea no Inhotim

Redação Inhotim

Foi pensando na mulher e em sua relação com o espaço que a coreógrafa e dançarina francesa Cecile Proust desenvolveu o espetáculo femmeuseposturalE. Contando com um grupo de dançarinas profissionais e amadoras de diferentes gerações e origens, as performances exploram, por meio da dança contemporânea, questões como a construção do gênero feminino. Pela terceira vez em Minas Gerais, Cecile faz agora os ajustes finais para as apresentações que serão realizadas esta semana no Inhotim, nos dias 14 e 15 de março. Entre um ensaio e outro pelos jardins do Instituto, a coreógrafa fez uma pausa e conversou com o Blog do Inhotim. Sentada confortavelmente em um dos bancos de Hugo França, ela falou sobre a montagem do espetáculo no parque, a visão que tem da mulher na sociedade atual, suas influências e muito mais. Confira na entrevista a seguir.

 

Blog do Inhotim – De onde veio a ideia desse espetáculo?

Cecile Proust – De início, o Femmeuse evoca a questão do gênero, do feminismo, da arte e as ligações que se pode fazer entre esses pontos. As performances apresentadas em femmeuseposturalE são uma resposta feminina à peça do coreógrafo francês Fabrice Ramalingom, Postural: études, criada para um grupo de 15 homens. Elaboramos esse trabalho com coreografias apresentadas apenas por mulheres. Dentro dele, podemos encontrar influências de Odile Duboc [diretor francês] e do diretor americano Bob Wilson, com quem já trabalhei. Há diversas outras, mas a pintora e escultora brasileira Lygia Clark, também trouxe muitas referências.

 

BI – Qual sua visão sobre a mulher na sociedade atual e que mensagem o espetáculo pretende passar em relação a ela?

CP – É difícil definir exatamente a mulher na sociedade atual, já que são milhões delas e tão diferentes entre si. Acredito que todos devemos simplesmente deixar a palavra e o espaço livre para elas. Cada mulher deve poder se expressar das diversas maneiras possíveis que é capaz. Então, devemos abrir esse espaço e deixar emergir o invisível de dentro delas. O espetáculo explora justamente isso, a liberdade do movimento da mulher dentro do espaço ocupado por ela.

 

BI – As coreografias são montadas com bailarinas profissionais e amadoras, inclusive funcionárias do Inhotim. Qual a intenção dessa proposta?

CP – Nós buscamos justamente esses diferentes corpos trabalhando pela dança, e não apenas um. Dessa forma, podemos fazer emergir diferentes experiências e efeitos e observar como os corpos dessas mulheres se misturam uns com os outros durante a coreografia. Essa relação do profissional com o amador torna a apresentação única, diferente em cada movimento, e isso se reflete tanto para os bailarinos quanto para o público.

 

BI – Como é ter o Inhotim como cenário para essa apresentação?

CP – É formidável. Esse lugar é realmente incrível. Além disso, trabalhar coreografias que envolvam as obras Desert Park (2010), de Dominique Gonzalez-Foerster e Piscina (2009), de Jorge Macchi, como iremos fazer, é ainda mais interessante, já que ambas têm um impacto muito grande sobre o corpo, a energia e o próprio espaço. Mas, claro, todo o Inhotim é excepcional e nos causa um encantamento já de cara. Lembro-me de que na primeira vez que viemos aqui, em 2012, eu e Jacques [Hoepffner, artista visual e parceiro na elaboração do espetáculo] tivemos apenas meio dia para visitar o parque. Mas mesmo com a rápida passagem, olhamos em volta e falamos “uau!”, queremos desenvolver algum projeto aqui. Hoje isso está sendo possível.

 

BI – O que o Inhotim trouxe de único para essas performances?

CP – Bom, é importante ressaltar que as apresentações que faremos aqui são criações específicas para este lugar, relacionadas justamente com as duas obras que utilizaremos como cenário. Mesmo com as ligações que podemos fazer dessas performances com outros materiais que vieram de coreógrafos da França ou com outros trabalhos que já desenvolvi, temos no Inhotim essa relação especial com o espaço, a natureza, o clima e a vegetação, que é totalmente diferente do que estamos acostumados na Europa. Tudo isso traz elementos peculiares para as coreografias e está totalmente alinhado com essa forte relação com o ambiente que esse trabalho desenvolve.

 

BI – Quais suas expectativas para esse trabalho no Inhotim?

CP – É difícil prever o que vai acontecer, mas, muitas vezes, o que a gente espera muda um pouco na realidade. Isso acaba sendo um dos aspectos mais fascinantes dessa apresentação. Acho que o que é interessante e próprio de um trabalho artístico é se deixar transformar pelas experiências vividas e as pessoas que estão trabalhando com você. Nosso projeto é totalmente transformado por quem participa das apresentações e pelo espaço. Claro que temos uma ideia dos resultados, mas o que importa é justamente essa transformação e o que o lugar pode impactar nas performances. Sempre estamos curiosos para saber o que acontecerá. Acho que com o público acontece a mesma coisa.

 

Também ficou curioso para saber qual será o resultado da performance? Então não deixe de ir ao Inhotim conferir femmeuseposturalE. Clique aqui para saber os detalhes dessa apresentação.

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Novidades no Inhotim Escola 2014

Redação Inhotim

O segundo ano do Inhotim Escola promete movimentar a agenda de Belo Horizonte. Exposições de arte, mostras de filmes, palestras, cursos, saraus, oficinas e uma novidade: em 2014 a temática sobre o meio ambiente entra em cena com o Consumo Consciente na Praça. O projeto, que já começa em abril, vai promover a discussão sobre os hábitos de consumo da sociedade atual para construir um estilo de vida mais sustentável.

 

Entre as ações previstas para o ano está o Dia do Carbono Zero, que pretende promover a redução da emissão de gases efeito estufa. Além disso, os amantes das duas rodas vão poder participar do Pedal Verde, um circuito de bicicleta pela região centro sul de Belo Horizonte para colocar em pauta a questão da mobilidade urbana na capital mineira.

 

O Sarau realizado pelo Inhotim Escola em 2013 reuniu diversas pessoas na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
O Sarau realizado pelo Inhotim Escola em 2013 reuniu diversas pessoas na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Foto: Ricardo Mallaco

 

Já no universo das artes, também em abril o público tem a oportunidade de conversar com o curador do Inhotim Jochen Volz sobre a relação entre arte e arquitetura na construção de pavilhões de arte. Jochen já organizou diversas exposições pelo Brasil e o mundo, incluindo a mostra internacional da 53a Bienal de Veneza. Desde 2012, ele também é curador-chefe da Serpentine Gallery, em Londres. Entre outras atividades, a programação do Inhotim Escola inclui o seminário Visão Yanomami, que tem como tema o trabalho da fotógrafa Claudia Andujar. Suíça radicada no Brasil desde a década de 1950, além de registrar a vida do povo Yanomami, Andujar se tornou uma grande ativista da causa indígena no País.

 

Os antigos prédios que fazem parte do Circuito Cultural da Praça da Liberdade continuam abrigando parte das atividades. Mas, neste ano, o Inhotim Escola amplia suas ações para diferentes locais da capital mineira e outras cidades, deixando de ter uma sede fixa em Belo Horizonte. Até hoje, os eventos realizados pelo projeto já contaram com mais de dois mil participantes.

 

Ficou interessado? Descubra mais sobre o Inhotim Escola aqui.