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Simplesmente Marepe

Equipe de mediadores

Marcos Reis Peixoto, ou simplesmente Marepe, nasceu em Santo Antônio de Jesus, uma cidadezinha no Recôncavo Baiano. Seus trabalhos presentes no Inhotim se relacionam com a identidade cultural nordestina e a simplicidade de seu local de origem, mas vão muito além. Mais que enfatizar as dramaticidades dos problemas sociais e talvez da seca, Marepe potencializa discussões acerca dos próprios estigmas criados para o nordeste.

Obra "A Bica" (1999), de Marepe
Obra “A Bica” (1999), de Marepe

A Bica (1999), Cabra (2007) e Olê ô picolê (2007), os três trabalhos do artista atualmente em exposição no Inhotim, oferecem ao público uma experiência do cotidiano enobrecida de significações, comum em sua produção. Marepe faz uso recorrente de materiais não-nobres, como papelão, borracha, latas de cerveja e outros objetos do dia a dia, construindo matéria a partir de ideias, de uma forma que ele gosta de chamar de intuitiva, ainda que repleta de influências.

Obra "Olê ô picolê" (2007), de Marepe
Obra “Olê ô picolê” (2007), de Marepe

Ao reutilizar produtos que, retirados de seu contexto, ganham novas significações, Marepe é recorrentemente associado ao artista francês Marcel Duchamp, ligado ao Dadaísmo, movimento da vanguarda modernista surgido no início do século 20. A arte conceitual, quando decomposta e desdobrada em filosofia, informação, linguística, matemática, autobiografia, crítica social, deixou um legado na história da arte, do qual o artista lança mão para criar um trabalho que traduza suas ideias, vivências e memórias.

Obra "Cabra" (2007), de Marepe
Obra “Cabra” (2007), de Marepe

Seus trabalhos não são apropriações de objetos que adquirem novos simbolismos, mas são confecções de objetos semelhantes aos do cotidiano de muitas pessoas, que, como obras de arte, adquirem novos simbolismos. Marepe chama essas recriações simbólicas de nécessaire, e não ready-mades, como os de Duchamp.

 

No parque, muitas vezes a simplicidade criativa de Marepe é percebida com certo estranhamento. Suas obras propõem o diálogo, o reconhecimento cultural e a reflexão de questões recorrentes na arte contemporânea, com jeitinho brasileiro e nordestino ao mesmo tempo.

 

 

Texto de Beatriz Alvarenga, Daniela Rodrigues, Marília Balzani e Pedro Vinícius, mediadores de Arte e Educação do Inhotim

 

 

Em fevereiro, a visita temática artística propõe uma reflexão sobre a obra de Marepe no Inhotim. Confira a programação aqui.

Simply Marepe

Equipe de mediadores

Marcos Reis Peixoto, or simply Marepe, was born in Santo Antônio de Jesus, a small town in the Recôncavo Baiano region.  His works at Inhotim are related to the northeastern cultural identity and to the simplicity of his place of origin, however, these works go way beyond this.  Rather than emphasizing on the drama of social problems, and perhaps even of the draught, Marepe potentiates discussions on the very stigmas created for the northeastern region.

Obra "A Bica" (1999), de Marepe
Obra “A Bica” (1999), de Marepe

A Bica (1999), Cabra (2007) and Olê ô picolé (2007), the three works by the artist currently on display at Inhotim, allow visitors to experience aspects of the everyday life ennobled of meanings, which is common in this work.  Marepe constantly uses materials that are not noble ones such as cardboard, rubber, beer cans and other everyday objects, building matter from ideas, from a form he likes to refer to as intuitive, despite the many influences present.  

Obra "Olê ô picolê" (2007), de Marepe
Obra “Olê ô picolê” (2007), de Marepe

By reutilizing products that gain new meanings when out of context, Marepe is constantly associated with French artist Marcel Duchamp, connected to Dadaism, an avant-garde modernist movement that started in the early 20th century. When conceptual art was decomposed and unfolded into philosophy, information, linguistics, mathematics, autobiography, and social criticism, it left a legacy in art history, and the artist uses this legacy to create works that translate his ideas, experiences and memories.  

Obra "Cabra" (2007), de Marepe
Obra “Cabra” (2007), de Marepe

His works are not appropriations of objects that acquire new symbolism; they are rather confections of objects similar to those used in the everyday lives of many people which, as art pieces, acquire new meanings.  Marepe calls these symbolic recreations nécessaire, while Duchamp refers to them as ready-mades.

 

At the park, Marepe’s simplicity if often perceived with a certain degree of awkwardness.   His works propose a dialog, cultural acknowledgment and reflection on recurring issues in contemporary art, with a Brazilian and northeastern twist at the same time.

 

 

Written by Beatriz Alvarenga, Daniela Rodrigues, Marília Balzani and Pedro Vinícius, Art and Education mediators at Inhotim

 

 

In February, the artistic theme visit proposes reflections on the works of Marepe on display at Inhotim.  Check out the program here.