Pular para o conteúdo
Leitura 7 min

Ponte para a beleza #Ensaio1nfinit0

Bernardo Paz

Parto do princípio que os grandes temas da humanidade já foram escritos, traduzidos e adaptados para a linguagem popular e todos esses registros estão embutidos no raciocínio coletivo. Dessa forma, creio que as pessoas atuam dentro da razoabilidade dos pensamentos dos letrados, dos intelectuais, dos empresários, das classes menos favorecidas economicamente. Posso ser criticado pela intelectualidade, mas leio muito pouco. Exercito meu raciocínio na maior parte do tempo e, por isso, passei a ter um conhecimento generalizado, o que me permitiu ultrapassar obstáculos ao entender a formação cultural dos povos e dos vários estratos da sociedade.

Desde a minha infância observei a beleza da arte de Guignard e da minha mãe e das pessoas que me cercavam à época. Busquei a beleza traduzida no ambiente em que vivia, no horizonte. E esse sentido de beleza foi se refinando à medida em que estabeleci contato com pessoas especializadas de muitas áreas de conhecimento. Na verdade, acredito, as pessoas deveriam nascer aos 40 anos para não cometer os erros da juventude. Nessa idade você já absorveu a cultura necessária à busca de seus objetivos. Foi por volta dos 40 anos de idade que comecei a fazer o Inhotim.

Inhotim nasceu de uma semente apropriada por mim, pela convivência com Roberto Burle Marx e com os grandes parques do mundo, pela minha curiosidade com o que podia se tornar uma surpresa. Tudo tinha de ser alinhado ao belo. E o belo pode e deve ser desenvolvido sempre na observação da contemporaneidade.

A concretização inicial foi muito difícil, pois pessoas com raciocínio genérico têm dificuldade em se fazer entender por serem exigentes e buscarem sempre processos longitudinais e com profundidade. Uma consequência é que os que acompanham essa concretização acabam realizando o trabalho sem ter ideia do que se está construindo. A minha infelicidade é que os sujeitos que realizam esse processo intuitivo não são os mesmos que aproveitarão do sucesso ou fracasso do objeto feito. Muitas ficam pelo caminho, por não observarem que a grandeza não partiu delas e, às vezes, por não conseguirem valorar algo que se tornou grande.

Construir Inhotim significa entrega. Normalmente as pessoas trabalham com planejamento, caixa e recursos. Algumas planejam sem recursos e sem caixa. Poucas pessoas, muito poucas, conseguem – pelo fato de terem se habituado a lidar com a intuição e com fragmentos do conhecimento da sociedade – penetrar nos meandros do labirinto que é a vida, já sabendo que do outro lado desse labirinto se pode constituir uma ponte para a beleza. Essa ponte é tão importante, tão forte, que ultrapassa os limites do financeiro e do pragmático e entra no limite do sonho e da realização.

E, então, se coloca o desafio de lidar com o tempo. É preciso observar que há de se considerar dois tipos de tempo. O primeiro é um período muito curto, o tempo da existência do ser humano. O outro é o tempo da execução e da realização. Pelo fato de o período da vida ser curto é preciso ser muito rápido. Se você tem a rapidez necessária, muito provavelmente durante a sua vida poderá realizar boa parte de seus sonhos. E, muitas vezes, eles podem significar uma seta para o futuro.

Mas há uma outra questão relacionado ao tempo hoje. A sociedade gera um volume de tecnologia e de informações que ainda não está preparada para mobilizar. As pessoas que produzem as tecnologias perdem rapidamente o controle sobre o que fizeram e os produtos passam a ser aperfeiçoados por segmentos diversos da sociedade em uma velocidade absurda. E assim o mundo se tornou um mundo instantâneo. Essa instantaneidade, julgo, não está sendo bem observada. Ela tem de deixar de ser “instantânea” para ser a formação do próprio pensamento. Em meio a esse processo, aparecem os artistas que passam a se debruçar sobre a crítica, sobre a política e sobre as carências da sociedade. Isso está intrínseco na arte contemporânea, afinal, o artista tem a sensibilidade de antecipar aquilo que ainda não é visto. Basta lembrar que o formato mais violento, mais radical da arte contemporânea foi protagonizado por Marcel Duchamp, quando tornou o urinol em um objeto de arte. Muitos questionam “Por que o urinol?” Porque ele desnuda todos os conceitos de beleza, de riqueza e de tradição.

O Inhotim também é uma observação clara de um idealismo nacionalista que digeri pelos hinos que propagavam as grandes conquistas que meu pai cantava para eu dormir na minha infância e que me tornaram uma pessoa extremamente infeliz. Entre o que meu pai cantava e o que eu acreditava que poderia fazer na vida, a distância se mostrava muito grande. Desde a infância, passando pela minha juventude, eu tenho tentado buscar esse ideal. Mas ainda não alcancei.

Inhotim é uma semente, é o princípio de um começo e o fim está longe. Gostaria que todos tivessem acesso a muita tecnologia, mas rodeados dos princípios básicos do Inhotim: sustentabilidade, segurança, beleza e cultura. E que, a partir dessa obra criada pelo viés da generalidade, as pessoas absorvessem tudo o que foi pensado para construir o Inhotim e possam partir dali para adiante.

Afinal, como construí Inhotim? Com paixão e achando que com doze jardineiros e eu plantando junto iríamos fazer este lugar. O que significam agora os dez anos de Inhotim? Nada. É um tempo que já se passou. O Inhotim continuará sempre ainda por vir.

 

*Esse é o primeiro relato do #Ensaio1nfinit0, uma das ações que comemora os 10 anos do Instituto #1nfinit0 #inhotim1nfinit0 #Inhotim10anos

 

Leitura 5 min

Aprendendo divertidamente – Colônia de Férias Pequenos Propositores

Redação Inhotim

Com muita alegria e diversão, a Colônia de Férias Pequenos Propositores propõe atividades em período integral para crianças de 6 a 11 anos a partir do dia 16 de julho. O grupo será convidado a experimentar diversas possibilidades de visitação, de forma lúdica, percebendo que, para conhecer o Inhotim, é preciso olhar de longe e olhar de perto, dialogando corporalmente, descobrindo novas formas de sentir os acervos artístico e botânico a partir de temáticas transversais.

Enquanto os responsáveis visitam Inhotim, as crianças, acompanhadas pelos educadores do Instituto, realizam uma visita que inclui atividades práticas, tendo como objetivo produzir diferentes significados sobre os acervos artístico, botânico e histórico-cultural do Instituto. A Colônia pretende construir estratégias pedagógicas não formais para a promoção da autonomia e o exercício da criatividade a partir de conceitos em educação ambiental, arte contemporânea, memória e patrimônio e através do aprendizado coletivo.

Na parte da manhã, as crianças participantes da Colônia são convidadas a conhecer os acervos botânico, artístico e histórico-cultural do Inhotim a partir do laboratório de bolso, uma das principais ferramentas para ativar a mediação da visita.  Os materiais inseridos na bolsa são práticos e propositivos e a escolha destes está relacionada à experimentação e apropriação de jardins e galerias, fazendo com que o grupo saiba mais sobre a história do Instituto, de forma divertida. Nesse momento, as crianças experimentam diversas possibilidades de visitação, tendo cada dia um tema diferente como foco.

Na parte da tarde, a partir das experiências de visitação, as crianças são instigadas a propor experimentações a partir de atividades práticas com educadores do Instituto, colocando em ação o que aprenderam e relacionando o que foi visto no período da manhã de maneira lúdica e livre.

Confira a programação:

Quinta-feira: Brincando com a Diversidade
Muitas pessoas dizem que o Inhotim é um mundo a parte, mas na verdade ele é um pouquinho de cada canto do mundo, expresso em seu acervo artístico, histórico-cultural e botânico. Convidamos as crianças a descobrirem e se encantarem com a diversidade presente nos acervos, através de jogos, brincadeiras e muita diversão!

Sexta-feira: Descobrindo a Natureza
Em um dia de muita aventura e descobertas, os pequenos serão incentivados, a partir do exercício da criatividade, a desbravar a natureza do Inhotim: presente nos jardins e na arte além de refletir sobre a temática ambiental.

Sábado: Explorando os Sentidos
As crianças serão convidadas, a partir dos acervos do Instituto, a inventar novas maneiras de sentir, aproximando o mundo que já conhecem com este novo território: o Inhotim. E a partir destas descobertas, vão criar, experimentar e o mais importante: brincar muito!

Domingo: Investigando o Tempo
Como explicar a uma criança sobre o tempo? O tempo das plantas e de cada ser vivo pode ser compreendido de diversas maneiras. A atividade propõe buscar perguntas e respostas sobre o tempo livremente, transitando entre arte e meio ambiente nos espaços do Inhotim.

Quando: 16 a 31 de julho; sempre de quinta a domingo
Faixa etária: 6 a 8 anos (grupo 1); 09 a 11 anos (grupo 2)
Horário: 9h30 às 16h
Local de encontro: acolhimento dos grupos na Recepção
Inscrições: 3571-9796 / 3571-9783 / 99737-6366 // escolas@oturi.com.br
Valor: R$ 170,00 – para uma criança e um dia
R$ 300,00 – para irmãos e para dois dias
Incluem: entrada no Inhotim, lanche de boas-vindas, almoço e lanche da tarde

 

 

 

Leitura 3 min

Tunga (1952-2016) – In memoriam

Marta Mestre

A história do Inhotim está intrinsecamente ligada à obra e pensamento de Tunga. Contá-la é evocar, no passado, presente e futuro, o nome deste artista maior que funda uma obra sem categorias, sem gavetas, e nem principio, meio ou fim.

Essa ideia de puzzle infinito, que se desdobra dentro de si próprio, e se expande no tempo, foi intensamente explorada nas galerias que Tunga concebeu para o Inhotim: “True Rouge”, inaugurada em 2002, e a Galeria Psicoativa, em 2012.

Ambas formam o maior conjunto de obras de Tunga permanentemente exposto no Brasil e no exterior, com trabalhos desde o início da década de 80 até aos anos 2000, e expressam o compromisso do Inhotim em pesquisar, divulgar e preservar a sua obra e pensamento, iguais a ele e ao seu discurso. Livre, contraditório, eloquente, transgressor, visionário, poético, solar, soturno, e pleno de humanidade. Um universo de partículas em aceleração, de elementos, como ele dizia, soltos e “bagunçados”, que continuarão a desafiar os significados e significantes habituais.

Talvez seja essa a grande experiência que nos deixa. Que o espanto é a condição para inventarmos um mundo novo, não necessariamente melhor ou mais acolhedor, mas potencialmente inscrito na nossa imaginação. E que é hora de abandonarmos o lugar de espetador e de lançarmo-nos na ambiguidade, contradição e finais incompletos que fazem da poética de Tunga uma verdadeira ética de vida.

Certos que jamais poderemos “domar” a densa materialidade e substância do espírito de Tunga, e que foi um enorme privilégio termos participado das suas mais altas aventuras, cabe-nos agora manter vivo o seu legado. Temos muito trabalho pela frente, e uma só maneira de encara-lo: apaixonada e intensamente, como Tunga nos ensinou.

O Instituto Inhotim expressa as suas sinceras condolências a todos os familiares, amigos e colaboradores de Tunga.

Leitura 1 min

Amigos do Inhotim: categorias e benefícios

Redação Inhotim

Os Amigos do Inhotim vivem uma experiência mais próxima com os acervos e conteúdos do Inhotim. Tanto no Parque como fora dele, os participantes do Programa desfrutam de uma série de comodidades, colaboram com projetos sociais, educativos e científicos e contribuem para a manutenção da instituição.

ININ0005_laminas_final_gs_1 (1)

Quer ser Amigo do Inhotim?
Clique aqui ou entre em contato com a gente.
+55 31 3571 9717
amigos@inhotim.org.br

 

 

Leitura 8 min

Inauguração do Largo das Orquídeas dá início a 12ª Semana do Meio Ambiente no Inhotim

Redação Inhotim

A 12ª  Semana do Meio Ambiente do Inhotim começa na próxima sexta-feira, 3 de junho, e tem atividades até domingo, 12.  A programação propõe uma reflexão sobre a importância dos jardins botânicos na conservação da biodiversidade e no combate à degradação ambiental no planeta. Este ano, a grande atração é a inauguração de um novo jardim temático no Instituto, desta vez dedicado às orquídeas da espécie Cattleya walkeriana.
Cerca de 17 mil exemplares foram  implantadas em janeiro nas palmeiras entre as Galerias Fonte e Cildo Meireles e começam a florir.

Em aproximadamente 130ha de área de visitação, o Inhotim reafirma seu compromisso com as questões ambientais também reveladas no paisagismo. Os jardins do Inhotim e a singularidade do paisagismo do Instituto empreendem possibilidades estéticas a partir da sua relevante coleção botânica de aproximadamente 4.500 espécies e variedades, que vão além da contemplação. Como forma de valorizar e aproveitar esses espaços, no começo de junho acontece no Instituto o 2º Curso de Paisagismo com o especialista no assunto Raul Cânovas em parceria com o engenheiro agrônomo do Inhotim Juliano Borin. Serão três dias de imersão nos jardins do Parque, aprendendo técnicas e conceitos importantes para a montagem de um lugar de cultivo.

 

Atividades gratuitas também serão oferecidas aos visitantes. Para conhecer mais sobre o trabalho realizado nos jardins do Parque, uma visita temática relaciona biodiversidade e conservação. No Espaço Ciência, montado no Centro de Educação e Cultura Burle Marx, os mediadores do Inhotim conversam com o público sobre as características das orquídeas. Essas plantas poderão ser vistas também no Epifitário, localizado no Viveiro Educador, que fica aberto à visitação especialmente na quinta-feira, 9. Já as espécies suculentas presentes no Jardim Desértico serão tema de uma oficina que acontece nos dias 7 e 9 de junho, uma oportunidade de discutir ideias de interações ecológicas e consumo consciente, além de aprender sobre o plantio de uma muda, que o participante poderá levar para casa.

Para o diretor de Jardim Botânico do Inhotim, Lucas Sigefredo, a Semana do Meio Ambiente já é uma programação tradicional do Inhotim e reforça o papel do Instituto na preservação ambiental. “Por meio de nossas atividades educativas, incentivamos o público a ter um papel mais ativo no mundo. Além disso, alinhamos nossa agenda de conservação da natureza com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU manifestados pelos números 13 [Ação contra a mudança global do clima] e 15 [Vida terrestre]”, explica Sigefredo.

Confira a programação completa abaixo:

2º Curso de Paisagismo do Inhotim, com Raul Cânovas e Juliano Borin

O curso é realizado ao longo de três dias, com aulas no Espaço Igrejinha e passeios mediados pelos jardins. Fundamentos do paisagismo tropical e de sua flora são os temas centrais do curso, com o paisagista Raul Cânovas e o engenheiro agrônomo do Inhotim, Juliano Borin.

Quando: de sexta-feira a domingo, 3 a 5 de junho
Horário: de 9h30 às 16h30 (sexta) e de 9h30 as 17h30 (sábado e domingo)
Local: aulas no Espaço Igrejinha e visitas aos jardins do Parque
Valor: R$ 660 por pessoa. Estudantes, maiores de 60 anos, integrantes da Associação Nacional de Paisagismo e Amigos do Inhotim têm desconto.
Inscrições até quinta-feira, 2, pelo site: www.jardimcor.com/inhotim/

Inauguração oficial do Largo das Orquídeas
Novo espaço temático do Inhotim, possui cerca de 17 mil orquídeas da espécie Cattleya walkeriana, nativa de Minas Gerais, São Paulo e Goiás e típicas do Cerrado. Usada em ornamentação de jardins, a flor possui alto valor no mercado devido a características como cor e simetria.As flores foram doadas ao Inhotim por meio de uma parceria firmada com a Orchid Brazil, empresa especializada em orquídeas raras e melhoradas geneticamente que é a fornecedora oficial de orquídeas do Inhotim.

Quando: domingo, 5 de junho
Horário: 11h
Local: Largo das Orquídeas, entre as Galerias Cildo Meireles e Fonte

 Visita Temática “Biodiversidade e Conservação: o paisagismo como agente de sensibilização”
Uma oportunidade para conhecer o paisagismo do Instituto e as ações de preservação das espécies, a partir de um percurso definido pelos mediadores.

Quando: 4, 5, 8, 11 e 12 de junho
Horário: 10h30
Onde: saída da Recepção
25 vagas; inscrição gratuita para visitantes no local.

 Espaço Ciência – Orquídeas
Mediadores conversam com o público sobre as características das orquídeas e o modo de vida dessas flores na natureza.

Quando: de 4 a 12 de junho
Horário: de 10h às 16h (de terça à sexta-feira) e de 10h às 17h (sábados e domingos)
Onde: Estação Educativa, no Centro de Educação e Cultura Burle Marx
Atividade gratuita, não há necessidade de inscrição.

Oficina de Mini-jardim: suculentas
Na atividade, mediadores conversam com os visitantes sobre as suculentas, espécies presentes no Jardim Desértico. Além de aprender a fazer um mini-jardim, o visitante pode levá-lo para casa.

Quando: 07 e 09 de junho
Horário: 14h às 16h
Onde: Saída da Recepção; a oficina será no Viveiro Educador
25 vagas; inscrição gratuita na Recepção a partir de 13h30

Jogo Descobrindo as Orquídeas
Descubra os segredos e as características das orquídeas, por meio de um jogo de perguntas e respostas.

Quando: 08 e 10 de junho
Horário: 14h às 16h
Onde: Tamboril
Atividade gratuita, não há necessidade de inscrição.

Visita ao Epifitário
O engenheiro agrônomo do Inhotim, Juliano Borin, realiza visita mediada na Epifitário, localizado no Viveiro Educador. O local abriga plantas nativas e exóticas, além de orquídeas.

Quando: 9 de junho (quinta-feira)
Horário: 10h30
Onde: saída da Recepção
25 vagas; inscrição gratuita na Recepção a partir de 10h.