Inhotim em Cena promove encontro musical em Marinhos
Não foi só a experiência com música orquestral, jazz e world music que colocou o renomado percussionista Greg Beyer em uma roda de conversa com as crianças da comunidade quilombola de Marinhos, em Brumadinho. Naná Vasconcelos é a razão pela qual eu estou aqui na frente de vocês hoje com um berimbau, contou o músico, relembrando o momento em que se apaixonou pelo ritmo brasileiro.
O álbum Saudades, gravado pelo percussionista brasileiro em 1980, foi o primeiro contato de Beyer com o instrumento. O estilo próprio de Naná Vasconcelos tocar o berimbau instigou o norte-americano a experimentar outras criações. A pesquisa levou ao surgimento do Projeto Arcomusical, em Illinois, nos Estados Unidos. Antes de conhecer a comunidade de Marinhos, o grupo apresentou seu repertório vibrante no Inhotim, dentro da programação do Ciclo de Música Contemporânea do Instituto.
Os músicos aproveitaram a visita para trocar experiências: além de mostrar composições próprias, assistiram às crianças que participam da oficina de percussão promovida pelo Inhotim na comunidade e conheceram a dança das mulheres do grupo de roça Quem planta e cria tem alegria. Greg se encantou com os meninos e meninas quilombolas: As crianças têm muita energia, percebem tudo o que acontece com rapidez. É incrível a oportunidade de partilhar. Leide, umas das lideranças da comunidade, achou o resultado positivo. É muito bom para os meninos porque eles aprendem coisas que não sabiam antes. Criança deve ver variedade.
As semelhanças também uniram os dois grupos. Depois de conhecer as especificidades do berimbau utilizado pelo Arcomusical, Felipe, de nove anos, fez a pergunta que instigava a curiosidade dos colegas: A capoeira nos Estados Unidos é igual à do Brasil?. Todos dançavam em roda e diferentes sotaques formavam um mesmo coro quando a tarde caiu naquele dia em Marinhos.