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… até agora

Everton Silva

Quando comecei a trabalhar no Inhotim em 2006, alguns dos meus colegas já estavam ajudando a plantar a semente deste projeto que temos hoje. Perto deles, não tenho uma história assim tão longa no parque. Para se ter uma ideia, tem gente que está aqui há mais de 20 anos, quando a região ainda abrigava a antiga Fazenda Inhotim, berço do que seria um instituto internacional, referência no Brasil e no mundo. De qualquer forma, também me considero parte importante dessa bonita trajetória.

 

Desde a minha chegada ao Inhotim, as coisas mudaram de forma esplendorosa. Há oito anos o parque não era como hoje, mas já estava além de tudo que eu tinha visto. Nasci em uma comunidade quilombola e me mudei para Brumadinho com 12 anos, acompanhando minha avó, que precisou trocar de emprego. Na época, o Inhotim tinha outro nome, menos visibilidade e recebia apenas escolas particulares e algumas pessoas convidadas. Coisa bem simples, que contava com uns poucos funcionários da área de educação. Diferentemente de hoje, não havia um monitor sequer.

 

Cheguei à instituição para ser tratador de aves aquáticas e logo me tornei o menino dos patos. Exercer a minha atividade era extremamente prazeroso. Mas uma das coisas mais decisivas da minha vida aconteceu nesse período: entrei em um curso de graduação em História. Confesso que, no começo, foi um pouco complicado, devido ao choque cultural que sofri. Não tinha intimidade com os estudos, afinal, dentro da minha família, não contava com influências e nem incentivo.

 

Finalizei a faculdade em 2009 e me transferi para a equipe de Educação Ambiental do Instituto, encerrando um ciclo fantástico para mim. Como mediador de visitas, o que mais gostava era de atuar com os alunos da Escola Integrada. Eram meninos, em sua maioria, muito carentes, e precisavam de apenas um olhar ou um carinho para que tivessem um dia fantástico.

 

2010 foi mais um daqueles períodos repletos de mudanças, quando me matriculei na faculdade de Direito. Eu colocava em curso mais um projeto de vida. Mudei para a equipe de Inclusão e Cidadania do Inhotim, na qual permaneço até hoje. O trabalho realizado não é simples, mas as conquistas são recompensadoras. Já desenvolvi projetos com a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Brumadinho (Ascavap), as comunidades quilombolas e o programa Inhotim para Todos. Cada um com a sua especificidade, mas todos gratificantes, pois atuam diretamente na transformação do indivíduo como ente social.

 

Essa é minha história no Instituto Inhotim até agora.

 

… so far

Everton Silva

When I started my career at Inhotim in 2006, some of my colleagues had already been helping plant the seed of the project we have today. My story at Inhotim is not that long. For instance, some people have been working here for over 20 years, when the region still housed a village called Inhotim, the birthplace of what would become an international institute, a reference in not only Brazil but also worldwide. Anyway, I also consider myself an important part of this beautiful journey.

 

Since my arrival at Inhotim, things have changed in a wonderful way. Eight years ago the park was not like it is today, but it was already beyond anything I had ever seen. I was born in a former-slave community (known as quilombo) and, when I was 12, I moved to Brumadinho with my grandmother, who had to change jobs. At that time, the institute had a different name, less visibility and only received private schools and some special guests. It was very simple, with a few employees in the education area. Unlike today, there wasn’t one single monitor.

 

I arrived at the institution to take care of the waterfowl and soon became known as the duck boy. I was extremely pleased with my job. But one of the most crucial thing in my life happened at this time: I started my undergraduate studies in History. I confess that, at first, it was a bit tricky due to the cultural shock I experienced. I wasn’t very intimate with studying, after all, in my family I had neither encouragement to do such thing, nor the reference of other family members pursuing a college education.

 

I finished college in 2009 and was transferred, closing a fantastic cycle in my life. I then started working at the Environmental Education Department at Inhotim. As a visitation mediator, what I loved the most was working with the students taking part in the Inhotim Escola program. They were mostly very poor kids, and all they needed in order to have a fantastic day was for someone to look at them, and care for them.

 

The year of 2010 brought a lot of changes. I started law school. I was putting another life project into practice. I was once again transferred, this time into the Department of Inclusion and Citizen Empowerment of the institute, where I still work today. The work my colleagues and I do is not simple, but the achievements are rewarding. I have carried out projects with the Association of Recyclable Materials of Brumadinho (Ascavap), former-slave communities (referred to as quilombola) and with the program Inhotim para Todos (Inhotim for All). Each one of these projects has its own specificities, but they are all rewarding because they work directly on the transformation of the individual as a social being.

 

This is my story at Inhotim, so far.