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Parceria musical

Redação Inhotim

Dois jovens artistas de Belo Horizonte, Alexandre Andrés e Rafael Martini, encerram no próximo sábado (07), a programação musical do Inhotim de 2013. Os dois possuem uma produção musical intensa, atuando como compositores, instrumentistas e intérpretes, e se apresentam um em seguida ao outro, no palco do Teatro do Inhotim, às 14h30 e 16h. Na entrevista abaixo, Andrés conta um pouco de sua trajetória, influencias na carreira e a parceria com Martini que, segundo ele ”é um músico completo”.

 

Você começou a compor com apenas 15 anos. Como foi a sua trajetória na música desde então? 

 

Cresci em uma casa de músicos. Minha mãe é pianista, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e meu pai flautista, também professor da UFMG e integrante do grupo mineiro Uakti. Desde pequeno tive contato com a boa música mineira e com a música erudita, tocada pelos meus pais em um duo de flauta e piano, que eles tem até hoje. Estudei música desde cedo, e aos 15 anos comecei a me interessar pela composição. Em 2008, aos 18 anos de idade, gravei meu primeiro álbum, “Agualuz”, em parceria com o poeta Bernardo Maranhão.

 

Você se considera mais cantor ou compositor?

 

Me considero um músico, que valoriza tanto a busca como intérprete, flautista, violonista, cantor, quanto a busca como compositor.

Em alguns momentos da minha vida me vejo mais como compositor, normalmente quando estou vivendo o processo composicional, de criação dos arranjos e tudo mais. Já em outros momentos me sinto mais interprete, normalmente quando estou em uma turnê, lançando um CD, um novo projeto. Ou seja, na verdade tenho essas duas vertentes muito forte dentro de mim, talvez com a mesma força.

 

Como suas raízes mineiras influenciam o seu trabalho?

 

É inevitável que a música mineira esteja presente no meu trabalho. Acompanho artistas como o Grupo Uakti, o Clube da Esquina, dentre outros, desde pequeno. Adquiri uma bagagem musical muito grande, escutando a boa música mineira, portanto, naturalmente, tem muito da música de minas no meu trabalho.

 

Qual relação você estabelece com o trabalho do músico Rafael Martini, que se apresenta no mesmo dia que você, no Inhotim?

 

O Rafael é um músico completo, um grande pianista e um dos principais compositores e arranjadores de Minas Gerais, da nova geração de músicos. Conheci o Rafael em 2008 e naquela época comecei a receber muitas influências musicais do seu trabalho, com o grupo Quebra Pedra. Hoje considero ele um dos meus grandes amigos e um dos maiores parceiros no âmbito musical. Temos tocado junto desde de 2010, quando ele me convidou para fazer um show junto com o Quebrapedra e desde então a gente vem tocando bastante. Participei da gravação e de todos os shows de lançamento do CD “Motivo” e ele da gravação e dos shows de lançamento do “Macaxeira Fields”. É a segunda vez no ano que vamos dividir o mesmo palco, realizando os dois shows. Fizemos isso no meio do ano, no Festival de Inverno de São João Del Rei. Vai ser muito bacana realizar esses dois shows, que são muito bonitos, em um espaço tão especial como o Inhotim.

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Arte compartilhada

Redação Inhotim

O Inhotim passou a integrar o acervo on-line do Google Art Project. Agora, de qualquer lugar do mundo, é possível andar pelos jardins do Instituto e conhecer as galerias e obras externas.  Nada substitui uma visita ao parque, mas a experiência de navegar pela coleção, percorrer diferentes percursos com o Google Street View e explorar mais de 90 obras de nomes como Miguel Rio Branco, Tunga e Carlos Garaicoa é, sem dúvida, estimulante. Além disso, um importante passo no sentido da democratização do acesso à arte. 

 

Mais do que imagens em alta resolução e textos sobre as obras de arte,  a visita virtual guarda uma surpresa para os usuários.  Celacanto Provoca Maremoto, da artista brasileira Adriana Varejão, pode ser explorada em detalhes nunca vistos: a imagem está disponibilizada no formato gigapixel, ou seja, tem 1 bilhão de pixels. E fica mais bonita a cada zoom. 

 

Google Art Project Inhotim

 Gigapixel da obra Celacanto Provoca Maremoto, Adriana Varejão. 

 

Ao todo, o Google Art Project disponibiliza obras de 315 instituições culturais de diversos países do mundo, oito delas brasileiras. O acervo soma mais de 6 milhões de itens on-line. Então, não perca mais tempo: acesse o site do Google Cultural Institute e conheça o projeto. Aproveite para escolher a rota da sua próxima visita ao Inhotim. 

 

Foto: Adriana Varejão, Celacanto Provoca Maremoto,  2004-2008.  Eduardo Eckenfels. 

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Simplicidade e história

Redação Inhotim

Um dia-a-dia tão tranquilo quanto silencioso. Casas muito simples, espalhadas pelo terreno acidentado da região.  Uma música baixa, chiada, vinda de um rádio antigo colocado na janela é um dos únicos sons que embalam a tarde. Ali vivem pessoas acanhadas, cujo olhar mistura cansaço e esperança. Por vezes, seus olhos se enchem d’agua ao relembrar da infância ou de algum familiar distante. Esse é o cenário de quem chega em Marinhos e Sapé, duas das seis comunidades quilombolas espalhadas pelo entorno do município de Brumadinho (MG). Marinhos tem cerca de 200 habitantes. Sapé, um pouco menor, abriga aproximadamente 50 casas. As duas, no entanto, carregam consigo um passado de resistência e boas histórias.

 

A maioria dos moradores, principalmente os mais antigos, pode ser considerada um retrato vivo de um povo que luta por meio do trabalho. Localizada em uma região que costumava abrigar fazendas, muitos aprenderam a acordar ainda de madrugada e acompanhar os pais no serviço da lavoura. É o caso da dona de casa Maria Perpétua Socorro, 65 anos, nascida e criada em Sapé. “Quando éramos crianças, se trabalhava de sol a sol na roça. Meus pais me levavam junto com meus irmãos para ajudá-los todo santo dia. Foi assim que crescemos”, conta.

  Dona Perpétua foto Rossana MagriQuando mais nova, Dona Perpétua costumava ajudar na cozinha durante as festas típicas. Foto: Rossana Magri

 

O passar dos anos fez com que a realidade mudasse um pouco. Atualmente, com as novas práticas rurais, há apenas pequenas hortas domésticas no quintal dos moradores. “Hoje, graças a Deus, não existe mais isso. Digo assim porque no passado sofríamos muito”, afirma Perpétua. Os desejos e objetivos de quem mora nas vilas também mudaram. Se antes o caminho quase que invariável era casar e continuar na região, hoje os jovens estão saindo cada vez mais para centros maiores. “Aqui não tem muito emprego, maneiras de estudar mais, então eles acabam saindo quando crescem”, conta Antônio das Graças Silva, marido de Perpétua, que tem dois filhos.

 

Mas apesar da nova realidade, algumas práticas e antigos valores ainda são transmitidos de pais para filhos nas comunidades quilombolas de Brumadinho. As festas típicas e os cultos religiosos resistem ao tempo e são verdadeiros patrimônios culturais do estado. As chamadas Guardas de Congo e Moçambique, organizadas pela população, desfilam várias vezes ao ano, trazendo cores e cantos que preservam as crenças locais. Seja tocando algum instrumento, carregando a coroa ou mesmo ajudando na cozinha, o importante é não deixar morrer a tradição.

 

Cortejo Congo Moc?ambique foto Rossana MagriCortejo Congo Moc?ambique mistura passado, presente e futuro. Foto: Rossana Magri

 

A professora Nair de Fátima Santana, residente de Marinhos, participa desde nova das festas e ressalta que elas são fundamentais para resgatar a memória e as origens da região. “As celebrações mostram um pouco do que éramos e do que somos”, diz. De acordo com ela, há pouco tempo o termo “quilombola” ainda costumava incomodar. “Eu não gostava de ser reconhecida assim porque pensava que isso denominava alguém que sofreu, que não tinha perspectiva. Mas, com o tempo, me dei conta de que só estava negando a minha própria existência. Hoje vejo que ser quilombola é ser fruto de um povo carregado de significados. É justamente durante nossas comemorações que somos abençoados. Tentamos passar parte dessa história para as nossas crianças aqui na escola”, conclui orgulhosa.

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Jardim de borboletas

Redação Inhotim

Elas estão sempre por lá. Passeiam tranquilas pelo Inhotim, descansando entre plantas e obras de arte. Dos mais diversos formatos e cores, as borboletas que habitam o Parque não estão ali por acaso: elas são sinal de que, no Instituto, a natureza e o homem convivem em harmonia.

As borboletas são bioindicadores naturais de qualidade ambiental, por serem sensíveis a pequenas mudanças do ecossistema. Por isso é tão raro vê-las em centros urbanos. Aqui no Inhotim, até hoje já foram identificadas 166 espécies diferentes vivendo no jardim botânico, deixando os caminhos ainda mais coloridos.

Considerado Jardim Botânico desde 2010, além de manter variadas coleções de plantas, o Inhotim desenvolve pesquisas botânicas em seu meio ambiente, uma delas tem como foco sua comunidade de borboletas. Pesquisadores do Setor de Gestão Ambiental do Instituto, em parceria com o Centro Universitário UNA, de Belo Horizonte, vêm realizando esse levantamento desde maio de 2012, no intuito de mapear as espécies frugívoras (que se alimentam de frutos em decomposição, sais minerais e fezes) e nectarívoras (que consomem néctar das flores e pólen) da área de visitação do Inhotim.

Além de contemplar o voo das borboletas pelo Parque, você também pode ir à Estação Educativa para Visitantes e conhecer a coleção didática de borboletas, todas capturadas no próprio Inhotim.

Viva a biodiversidade!

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No coração do Inhotim

Redação Inhotim

Não é necessário caminhar muitos metros dentro do Inhotim para dar de cara com uma das maiores e mais belas árvores do parque: o Tamboril. Ponto de encontro popular entre os visitantes, a espécie está localizada na área central do Instituto, convidando quem passa por perto a tirar uma foto, descansar sob a sua sombra ou mesmo admirá-la por alguns minutos.

 

A história do Tamboril, ou Enterolobium contortisiliquum, se confunde com a história do próprio Inhotim. Acredita-se que o exemplar tenha entre 80 e 100 anos de vida, representado, assim, um dos mais antigos do acervo. Plantada no mesmo local desde a época em que a região era apenas uma vila, a árvore dá nome a um dos restaurantes do parque além de estampar peças de cerâmica produzidas no local.

 

O Tamboril é uma espécie abundante e decídua, ou seja, que perde sua folhagem de tempos em tempos. Alcança, em média, de 20 a 35 metros de altura e possui de 80 a 160 centímetros de diâmetro de tronco. É uma árvore de rápido crescimento inicial e muito apropriada para áreas de reflorestamento. Seus frutos são recurvados e semilenhosos, em formato de rim ou de orelha, o que lhe rendeu diversos nomes populares ao longo dos anos, dentre eles “orelha de macaco”. Cada um desses frutos pode conter de duas a doze sementes brilhantes e de cor marrom.

 

Apesar de grande e espessa, a madeira do Tamboril é leve, macia e pouco resistente. Dessa forma, é comumente utilizada para a fabricação de canoas, brinquedos, compensados e caixotaria em geral.

 

Como é uma árvore encontrada próxima de rios, antigamente as lavadeiras utilizavam as sementes e cascas do Tamboril para lavar suas roupas, já que nelas são encontradas propriedades saponinas. Hoje em dia, várias instituições pesquisam mais a fundo a Enterolobium contortisiliquum. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, descobriu uma proteína extraída da semente da espécie que demonstrou em ensaios uma potente ação antitumoral, anti-inflamatória, anticoagulante e antitrombótica.

 

Nome popular: Tamboril ou “Orelha de Macaco”

Nome Científico: Enterolobium contortisiliquum

Família: Fabaceae

Ocorrência: Florestas pluviais e semidecíduas do norte ao sul do Brasil