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Melodias que embalam sonhos

Redação Inhotim

Música para sonhar mais alto. É pensando nisso que o maestro César Timóteo, novo coordenador dos projetos musicais do Inhotim, projeta o futuro. Filho de mãe pianista, César começou a estudar violino ainda criança. Hoje, já violinista, cantor lírico e regente, ele busca despertar a musicalidade e o talento de cada aluno dos projetos que irá acompanhar. O maestro conversou com o Blog do Inhotim e contou um pouco da sua trajetória e das expectativas para essa nova etapa de sua vida.

 

 

Blog do Inhotim – Conte-nos um pouco da sua trajetória na música.

 

César Timóteo – Não consigo delinear o momento exato em que fui absorvido pela música. Minha mãe é pianista e isso me influenciou muito. Pude, através dela, ter um contato precoce com essa arte fascinante. Aos nove anos de idade iniciei meus estudos de violino, vindo a me tornar um violinista profissional na minha adolescência e juventude. Me formei também em canto lírico posteriormente, participando de apresentações como solista em óperas e oratórios. Após vários anos atuando como violinista e cantor decidi estudar regência, que veio a se tornar minha principal ocupação musical. Tive a oportunidade de dirigir orquestras no Brasil e exterior além de conviver com grandes nomes da música que me influenciaram de forma significativa, dentre os quais destaco o violinista Max Teppich e o maestro Isaac Karabtchevsky.  

 

 

BI – Qual a sua opinião sobre o potencial de música que tem Brumadinho e seus moradores?

 

CT – A música faz parte do desenvolvimento de todas as comunidades, ela é necessária. Em Brumadinho não é diferente. É preciso oferecer oportunidade de aprendizado às pessoas, despertando dentro delas a musicalidade.  O aprendizado e estudo de música, seja através de um instrumento musical, ou do canto, tende a organizar e aflorar essa musicalidade trazendo equilíbrio, desenvolvimento e possibilidades de sonhar mais alto. Não tenho dúvidas de que Brumadinho seja um celeiro de talentos musicais, que certamente haverão de ser revelados.

 

 

BI – Quais são os projetos que irá coordenar? Conte um pouco mais sobre cada um deles.

 

CT – Coordenarei coros Infantil, Juvenil, Adulto e Escola de Cordas. São projetos desenvolvidos pelo Inhotim, com realização do Ministério da Cultura e patrocínio da Vale do Rio Doce. Em 2014, passam a funcionar de forma mais unificada, com a atuação de uma equipe de professores convidados de Belo Horizonte. Todos eles tem como objetivo promover o desenvolvimento social, musical e artístico nas comunidades da região do Vale Médio do Paraopeba, atendendo não só jovens de Brumadinho, mas também Mario Campos e Bonfim. Os alunos têm a oportunidade de fazer aulas teóricas e práticas gratuitamente, e são, em sua grande maioria, advindos das redes públicas de ensino.

 

 Com atividades semanais, esses alunos inscritos têm a oportunidade de estudar técnica vocal e teoria da música, além de praticar instrumentos como violino, viola, violoncelo e contrabaixo.  No trabalho de canto coral e orquestra, os alunos podem vivenciar a música em conjunto, desenvolvendo aspectos de percepção harmônica e cooperativismo. Semestralmente são abertas mais vagas e os interessados devem preencher uma ficha de inscrição na sede do projeto em Brumadinho.

 

 

BI – Quais as novidades para 2014 no que diz respeito aos projetos que o Inhotim desenvolve?

 

CT –  Vamos trabalhar para a unificação dos projetos sociais que envolvem música com uma visão de alcance nacional. É importante consolidar as ações em Brumadinho e arredores, para que, dentro de algum tempo possamos alcançar também outros municípios. Valorizaremos as ações em conjunto. A vivência musical deve ser desenvolvida de forma menos individualizada e mais coletiva. Teremos também a aquisição de dois pianos novos para os trabalhos de canto coral e aulas de percepção musical, além de novas instalações em Brumadinho, maiores e mais adequadas para as aulas e ensaios.

 

 

BI – Quais as suas expectativas para essa nova trajetória junto aos alunos dos projetos?

 

CT – Quero acompanhar de perto o desenvolvimento de cada aluno. É importante conhecê-los para indicar-lhes o direcionamento correto. Minha expectativa é de ver o crescimento musical deles, de vê-los sonhar com novas possibilidades.  A arte proporciona isso. Que o aprendizado e prática musical possam ser fatores influentes no desenvolvimento humano dos alunos e da comunidade de Brumadinho. Que possam afetar de forma positiva suas decisões e atitudes para uma melhor qualidade de vida e convivência social.

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Natureza que renasce

Redação Inhotim

Resíduo florestal. É esse nome requintado que ironicamente define a matéria-prima predileta do designer Hugo França. Desde o final da década de 1980, ele transforma madeira descartada pela movelaria tradicional ou condenada naturalmente em bancos, cadeiras, mesas, aparadores, prateleiras e adornos, batizados de esculturas mobiliárias. Das mais de 1.000 já produzidas até hoje, 98 estão no Inhotim, detentor da maior coleção de trabalhos do designer.

 

É impossível caminhar pelo parque e não notar essas incríveis estruturas de apelo sustentável. Rústicas, mas muito aconchegantes, convidam visitantes a uma pausa, seja para descansar, contemplar a natureza ou refletir sobre alguma das 170 obras de arte em exposição. Parceiro antigo, Hugo França instalou seu primeiro trabalho no jardim ainda na década de 1990, antes mesmo da criação do Instituto, em 2006. Colocou sob a sombra do Tamboril, árvore centenária que hoje é um dos símbolos do parque, um imenso banco, substituído recentemente por um maior, também do designer.

 

A história de Hugo França com a madeira começa há quase três décadas. Ansioso por um novo estilo de vida, mudou-se para Trancoso/BA, onde viveu por 15 anos. Lá descobriu o pequi-vinagreiro, árvore comum na Mata Atlântica baiana, mas pouco útil na marcenaria usual por ser muito irregular. Começou, então, a aproveitar raízes desenterradas, troncos ocos, galhos e o que mais encontrasse para criar peças únicas, que valorizam as texturas e formas naturais dessas plantas a princípio rejeitadas.

 

Banco Hugo FrançaRústicos, mas muito aconchegantes, os bancos convidam os visitantes a uma pausa l Foto: Rossana Magri

 

 

 Os primeiros cortes são feitos onde a madeira é encontrada – e não é à toa. Alguns blocos chegam a pesar acima de uma tonelada e precisam ser divididos para serem transportados. Ainda na mata, já começam a se transformar em bancos e mesas e são finalizados em uma das oficinas de Hugo França. De lá, suas esculturas seguem para o mundo.

 

Além de figurar entre coleções particulares, como a do Inhotim, seu trabalho já foi apresentado em uma extensa lista de instituições, como o MAD Museum, em Nova York; o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; a Art Rio, no Rio de Janeiro e atualmente o Fairchild Tropical Botanic Garden, jardim botânico localizado em Miami, nos Estados Unidos. Até maio de 2014, quem passar por lá  poderá conhecer 25 esculturas mobiliárias do artista, que com seu olhar sensível é capaz de fazer renascer a natureza.

 

Recentemente, a Crane TV fez um vídeo sobre o trabalho de Hugo França. Confira:

 

 

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Dicas para visitar o Inhotim

Redação Inhotim

Como faço para chegar aí? Consigo conhecer o parque todo em um dia? Onde posso me hospedar? Quanto custa a entrada? Tem estacionamento?  Vou direto do aeroporto, onde posso guardar a minha mala? Posso fazer uma visita guiada?

 

Se conhecer o Inhotim faz parte da sua lista de desejos, em algum momento você irá se deparar com algumas dessas perguntas. Aproveite as dicas e comece planejar a sua visita.

 

 

O primeiro passo é saber como chegar.

 

O Inhotim está localizado em Brumadinho (MG), a cerca de 60km de Belo Horizonte. Para calcular a melhor rota para a sua viagem, é só clicar aqui. Se você estiver em Belo Horizonte, o tempo médio de viagem até o Inhotim de carro é 1h30 e o estacionamento no parque é gratuito. Agora, se você chegou de avião, pode alugar um carro ou pegar um táxi. Calcule 2h do Aeroporto de Confins até o parque ou 1h30 partindo do Aeroporto da Pampulha. Uma boa notícia é que o Inhotim possui serviço gratuito de guarda-volumes para bolsas e malas. Você também pode ir de ônibus. A empresa Saritur tem uma linha que sai da Rodoviária de Belo Horizonte, localizada no centro da cidade, de terça-feira a domingo. Para conhecer os horários e valores do ônibus clique aqui.

 

 

Onde ficar

 

Pronto, agora que você já sabe como chegar, precisa decidir se ficará hospedado em Brumadinho ou em Belo Horizonte. O Inhotim possui uma área de visitação de 140 hectares, o que significa que você não vai conseguir conhecer todo o parque em apenas um dia. Claro que se você estiver em Belo Horizonte e tiver um dia livre, irá aproveitar a visita. Mas para você que está planejando uma viagem que tem o Inhotim como destino, o ideal são três dias de visitação. Assim, dá para caminhar, refletir e curtir a natureza sem pressa. Para conhecer as opções de hospedagens clique aqui.

 

 

E agora?

 

 

Passagens aéreas compradas, hotel reservado, chegou a hora de planejar a sua visita ao parque. Como o Inhotim é um lugar diferente de tudo o que você já viu, existem algumas dicas que podem facilitar a sua visita. Além de um Centro de Arte Contemporânea, o Inhotim é um Jardim Botânico.  Entre palmeiras, flores, lagos e imensos bancos de madeira estão galerias de arte. Sim, arte em meio à natureza. Por isso, caminhar faz parte da visita. Para ganhar tempo, a dica é comprar o ingresso antecipado. E caso seja necessário, você também pode comprar o transporte interno realizado com carrinhos elétricos. Clique aqui para comprar o seu ingresso.

 

Outra ótima dica é navegar pelo parque antes de conhecer pessoalmente. O mapa interativo ajuda a decidir rotas, conhecer as galerias a até se aprofundar nas obras de arte. Falando em se aprofundar, aqui você conhece as visitas mediadas que acontecem no parque. Os pontos de alimentação estão estrategicamente localizados. Conheça cada um deles. Antes de pegar a estrada, vale dar uma lida nas regras de visitação para que tudo corra dentro do planejado.

 

Se você chegou até aqui, está muito perto de realizar o seu desejo. O Inhotim é um lugar inesquecível. Aproveite!

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Meu dia no Inhotim

Redação Inhotim

Quando eu fiquei sabendo que vinha no Inhotim já fiquei animado. Nem sabia direito o que era não, mas o Vitor falou que era super legal e tinha muito espaço para brincar. O Vitor já veio aqui uma vez.  Eu e o Artur nunca. Bom, logo que a gente chegou no estacionamento e veio andando para entrar no parque, eu já fiquei animado com aquele caminho gigante, coberto de árvores. Quando o moço colocou o adesivo de visitante na nossa blusa, ficamos sabendo que tinha umas brincadeiras especiais para as crianças durante o dia. Quando chegamos lá, disseram que teria um caça ao tesouro. Então eles dividiram as crianças. Os meninos pequenininhos foram pra um lado para fazer outras brincadeiras, e nós, maiores, reunimos para começar o caça ao tesouro.

 

Eram dois times, cada um tinha que achar todas as pistas pra descobrir qual era a surpresa que tinha no final. Os monitores iam ajudando a gente a resolver as charadas.  Começamos a correr para achar as pistas bem rápido. Foram cinco pistas. Elas tinham bilhetes que falavam como achar o tal tesouro. Cada uma dizia pra gente ir pro norte, nordeste, noroeste…todos os caminhos. Das cinco eu achei três sozinho. Fui bem esperto. Estavam no meio do mato, amarradas nas plantas. Era só ir passando a mão e olhar bem que você achava. Algumas pistas deram muito cansaço, porque a gente tinha que correr e procurar muito. Depois que descobrimos tudo, viemos buscar o tesouro, que eram sementes da árvore Tamboril, essa grandona aqui atrás.

 

Depois de tudo isso, fomos visitar o parque todo. Não sabia direito o que eu ia encontrar. Quando eu cheguei, imaginei que ia ver arte, animais, várias árvores que eu nunca conheci. O Artur queria mesmo é conhecer o Saci e a história dele. Disseram pra ele que aqui ele ia ver aqui. Ah, o Vitor disse também que tinha uma árvore aqui que anda a cada mês que passa. Eu não acredito muito. Se ela saísse andando eu ia assustar muito. Mas uma coisa que a gente fez foi andar. Andamos, andamos, andamos…minha perna até doeu no final.

 

Meu dia no Inhotim - Colônia de férias Artur (6), Vitor (10) e Eduardo (10) aproveitaram o dia de visita no Inhotim Foto: Rossana Magri

 

 

De tudo o que eu gostei mais foi da Cosmococa. A gente entrou lá e tinha cinco salas: uma de balão, uma de espuma, outra de piscina, uma com algumas redes e uma que passa uns filmes. A gente até nadou na piscina. Eu e o Artur nadamos de bermuda. Como o Vitor já veio aqui e sabia que tinha piscina, ele nadou de sunga. Além disso, a gente andou por um tanto de lugar legal e vimos um bocado de flor diferente, tipo cactos e calda de peixe.  Passamos em uma sala que o chão é cheio de caco de vidro, fomos a outra sala toda escura, vimos a bola de choque também. Fiquei morrendo de medo da água cair em mim e eu tomar um choque!

 

Mas eu achei uma coisa muito estranha: a água das lagoas é verde! Como que eles fazem pra deixar a água daquele jeito? Outra coisa: naquela sala azul, de azulejos, que a parede foi pintada de órgãos humanos por dentro, como eles fizeram aquilo? E a piscina rasa que fica na entrada desse prédio, pode entrar ou é proibido? Outra coisa diferente que eu vi foi uma escultura de um homem emendado no outro. Achei meio louco e até tiramos fotos tentando imitar eles.

 

No final, até vimos a casa do Saci, mas não conseguimos ver ele como o Artur queria. A gente não tinha os materiais que precisavam para fazer ele aparecer, e as monitoras não estavam na hora para ajudar. Mas eu achei o Inhotim muito bonito. As artes, o ambiente, tudo foi feito com muito cuidado, né?  No começo eu estranhei, porque eu nunca tinha visto um lugar grande assim. Mas agora que eu sei como é, e quero voltar.  Eu ainda não consegui ver tudo, como por exemplo, uma sala que é toda vermelha. Gostei muito!

 

 

Depoimento de Eduardo Soares , 10 anos, sobre o seu dia de visita no Inhotim

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Quando a arte inspira a arte

Redação Inhotim

Uma visita ao Inhotim que se transformou em música. Foi assim: no final de 2012, o cantor e compositor paulistano Marcelo Jeneci passou uma temporada em Brumadinho/MG para conhecer o Instituto. Adorou. “Achei inacreditável ter no Brasil um lugar tão rico e bem construído, com uma proposta clara, com tanta beleza. É um convite a enxergar o universo de uma forma diferente”, define. A experiência rendeu frutos para as composições do artista. Em seu novo álbum, “De Graça”, lançado em outubro de 2013, ele apresenta a canção “Pra Gente se Desprender”, inspirada pela obra Forty part motet, 2001, da canadense Janet Cardiff, exposta em uma das salas da Galeria Praça, no Inhotim. Confira, a seguir, nossa conversa com Marcelo, parte de uma nova frota de artistas que têm colorido a cena musical.

 

 

Blog do Inhotim – Marcelo, como aconteceu essa história com a obra da Janet Cardiff?

Marcelo Jeneci – Fui para Brumadinho e fiquei cinco dias na cidade para conhecer o Inhotim. Achei o máximo a obra da Janet Cardiff com o coral [referindo-se a Forty part motet, 2001]. Escutar aquilo 360 graus, como a gente ouve os ruídos do dia a dia… Essa música litúrgica e barroca tem a ver com um pedaço da minha vida, da infância. Despertou uma memória afetiva primitiva em mim, de quando ia à igreja. Ali pensei: “puxa, tenho que trazer um coral litúrgico que passe a emoção que estou sentindo aqui para o disco”.

 

 

BI – Foi daí que surgiu “Pra Gente se Desprender”?

MJ – Isso. Criei o tema instrumental do final da música pensando nessa sensação que tive na instalação em Inhotim. Queria fazer as pessoas sentirem o que eu senti lá. De fato, essa experiência interferiu na música. Curiosamente, desde que as resenhas do “De Graça” começaram a sair, ela é a que mais aparece como predileta! Teve uma aceitação diferenciada em relação às outras, sempre ganha um lugar especial nos textos que falam do disco.

 

 

BI – Essa foi sua primeira visita ao parque?

MJ – Não, já havia tocado com o Arnaldo Antunes lá uma vez. Acho que todos os brasileiros devem conhecer esse lugar, é uma maravilha, uma experiência única que influencia as pessoas. É muito falado, mas, como o País é tão imenso, em alguns lugares às vezes as pessoas ainda não o conhecem. Por onde vou, falo que todo mundo deve ir.

 

 

BI – Em meio a essa produção tão variada que a gente vê hoje em dia, como você se percebe como artista?

MJ – Acho que arte é afirmação da vida. Como artista, sinto que no meu dia a dia acontece uma troca. É como se as casualidades da vida, a maneira como fui criado e como a música se apresentou para mim tenham me treinado para ser capaz de sintetizar e compartilhar alguns dos meus pontos de vista, sensações em relação ao mundo, dores e alegrias. É tipo o trabalho de quem escreve uma carta: minha sensação é de que devolvo às pessoas uma resposta sobre alguns assuntos. Estamos vivendo um momento muito rico na arte, na música, na história da humanidade.

 

 

BI – Você já disse que quando faz música, tem a intenção de melhorar a vida das pessoas desde o primeiro acorde. Como você vê essa relação entre arte e vida?

MJ – Tento disseminar um recado positivo, uma visão positiva, incentivar que um sonho dê sempre lugar para outro. Sublinho o lado bom, que é de graça, que é para todos. Às vezes, diante da crueldade da natureza da vida, a gente fica muito distante desse outro ponto de vista. Esse traço presente na estrutura do meu trabalho vem de casa, da combinação dos meus pais, um nordestino e uma paulistana, na periferia de São Paulo. São muito sorridentes, veem a vida muito bonita. Cresci assim, tendo consciência disso e tem momento que essa postura cabe. Uma das coisas mais interessantes da vida é a soma, o que se conversa, se aprende, se ensina… A amizade, o homem, a mulher, o sexo, o que é intrínseco aos nossos instintos. Essa relação entre os seres humanos é muito importante e é fundamental que se fale dela.

 

 

BI – Como está sendo a repercussão do “De Graça”, seu novo trabalho?

MJ – Sinto que o lançamento está começando a acontecer. Ainda não acelerou tudo, mas tenho recebido feedbacks muito positivos. Do primeiro para o segundo disco tem uma diferença. Esse tem uma proposta mais radical, lisérgica, que não havia antes. Tem mais dor, mais grito, mais “porrada”, e isso está sendo bem aceito, mesmo pelas pessoas que se aproximaram mais da sonoridade do anterior. Ainda assim, são canções que tocam o coração. Já em mim, a diferença é que, nesse, tenho uma sensação de encontro comigo mesmo muito clara e daí pouco importa a opinião do outro. Foi uma catarse, um transe que me curou, me fez um bem horrível (risos). Por tudo isso, qualquer frustração que vier não fica tão pesada. Esse encontro comigo mesmo me emociona.