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Amigas do Inhotim relembram momentos especiais

Redação Inhotim

Nada melhor do que amizade. Os amigos dão força e coragem,  são cúmplices e fazem parte daquelas lembranças que fazem sorrir. O alívio de se ter companheiros para todas as horas deixa a vida mais leve e dá a certeza de é possível se aventurar em novos desafios. Essa sensação de amparo é o que os Amigos do Inhotim oferecem ao ajudar a construir a história do Instituto, contribuindo com a sustentabilidade do parque por meio de doações. Todo o valor é investido na manutenção do Inhotim e nos projetos socioeducativos com estudantes, professores e as comunidades do entorno. Em troca, esses visitantes cativos recebem benefícios de acordo com cada categoria, como entrada gratuita, descontos em lojas e serviços e dedução do imposto de renda. O melhor de tudo isso é ter essas pessoas sempre por perto, visitando o Instituto e levando gente querida para conhecer a arte e os jardins.

Para relembrar as histórias de amizade no Inhotim, duas participantes do programa resgataram na memória momentos marcantes vividos por aqui. São lembranças que dão ainda mais vontade de voltar.

 

 

Suellen Moreira, Amiga do Inhotim desde 2011

“O Inhotim traz muitas lembranças. Uma de minhas favoritas tem a ver com amigas da vida toda. Em 2012, fui visitar o parque com um grupo de seis amigas. A maioria delas nunca tinha ido ao Instituto. Esse grupo visita um lugar novo a cada ano e, nesse ano, era a minha vez de escolher. Tive a chance de ser guia delas pelos jardins e pelas galerias. Como já trabalhei no parque, conheço tudo muito bem e me orgulho disso. Adoro mostrar tudo que sei sobre o Inhotim quando estou entre pessoas muito queridas. Mas, nessa visita, uma dessas amigas, nossa conselheira de todos os momentos, não teve condições físicas de ir até a instalação da Marilá Dardot. Então, resolvemos fazer uma homenagem usando os elementos da obra. No final, estávamos todas lá, plantando e cultivando amizade!”. 

A amiga de Suellen foi bem representada durante a visita à obra de Marilá Dardot.
A amiga de Suellen foi bem representada durante a visita à obra de Marilá Dardot.

 

 

Maria do Carmo Campos, Amiga do Inhotim desde 2013

“Levo todo mundo que recebo em Minas ao Inhotim. Pra mim, Minas Gerais começa pelo Inhotim e a sensação de poder passar pras pessoas que eu gosto o que eu conheço do parque é uma coisa muito boa, que me deixa feliz. É sempre novidade pra mim também, mesmo tendo ido lá tantas vezes. Em uma das visitas, uma amiga ficou super encantada justo com as louças do restaurante Tamboril. Eu nunca nem tinha reparado nelas. Outra vez, levei uma adolescente de 12 anos que olhou pras árvores pata-de-elefante e disse que era igual ao livro de Nárnia, só que na vida real. Achei aquilo tão bonito, nunca tinha pensado nisso. Mais uma lembrança muito boa que eu tenho entre amigos foi um dia que levei uma amiga paraense ao parque. Estávamos na parte alta, perto do Jardim de Todos os Sentidos, e eu vi uma visitante completamente perdida no meio do caminho. Sugeri que ela fizesse a visita conosco e ela aceitou. A gente andou o parque inteiro conversando muito, descobrindo afinidades. Me lembro da cena dela deitada na grama, literalmente rolando de alegria por estar ali no Inhotim, um lugar tão lindo. No final do dia, ela me abraçou bem forte agradecendo e dizendo que eu tinha sido um anjo no caminho dela. A amizade que nasceu ali dura até hoje. Nos falamos sempre e já combinamos um reencontro no parque, em breve. São coisas que ficam na lembrança”. 

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Passeando pelo Jardim Desértico, Maria do Carmo fez uma nova amiga. Foto: Rossana Magri

 

Você também quer fazer parte da história do Inhotim? Conheça o programa ou entre em contato pelo e-mail amigos@inhotim.org.br ou telefone (31) 3571-9740.

 

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Inhotim em Cena promove encontro musical em Marinhos

Redação Inhotim

Não foi só a experiência com música orquestral, jazz e world music que colocou o renomado percussionista Greg Beyer em uma roda de conversa com as crianças da comunidade quilombola de Marinhos, em Brumadinho. “Naná Vasconcelos é a razão pela qual eu estou aqui na frente de vocês hoje com um berimbau”, contou o músico, relembrando o momento em que se apaixonou pelo ritmo brasileiro.

O álbum “Saudades”, gravado pelo percussionista brasileiro em 1980, foi o primeiro contato de Beyer com o instrumento. O estilo próprio de Naná Vasconcelos tocar o berimbau instigou o norte-americano a experimentar outras criações. A pesquisa levou ao surgimento do Projeto Arcomusical, em Illinois, nos Estados Unidos. Antes de conhecer a comunidade de Marinhos, o grupo apresentou seu repertório vibrante no Inhotim, dentro da programação do Ciclo de Música Contemporânea do Instituto.

Os músicos aproveitaram a visita para trocar experiências: além de mostrar composições próprias, assistiram às crianças que participam da oficina de percussão promovida pelo Inhotim na comunidade e conheceram a dança das mulheres do grupo de roça Quem planta e cria tem alegria. Greg se encantou com os meninos e meninas quilombolas: “As crianças têm muita energia, percebem tudo o que acontece com rapidez. É incrível a oportunidade de partilhar.” Leide, umas das lideranças da comunidade, achou o resultado positivo. “É muito bom para os meninos porque eles aprendem coisas que não sabiam antes. Criança deve ver variedade”.

Foto: William Gomes
A dança com sementes foi criada por mulheres como Ivone e Leide, que participam do grupo de roça da comunidade. Foto: William Gomes

As semelhanças também uniram os dois grupos. Depois de conhecer as especificidades do berimbau utilizado pelo Arcomusical, Felipe, de nove anos, fez a pergunta que instigava a curiosidade dos colegas: “A capoeira nos Estados Unidos é igual à do Brasil?”. Todos dançavam em roda e diferentes sotaques formavam um mesmo coro quando a tarde caiu naquele dia em Marinhos.

Foto: William Gomes
As crianças da comunidade mostraram para os visitantes o que aprenderam na oficina de capoeira. Foto: William Gomes
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Inhotim, uma trajetória

Redação Inhotim

A pequena casa onde está instalada a obra de Rivane Neuenschwander é um mundo de lembranças para Tamara Oliveira. Quando entra ali, ela volta no ano de 2007 e revive os encontros semanais de quando integrava o Laboratório Inhotim, um dos projetos educativos mais antigos do Instituto.  De lá pra cá, a casa que era parte da antiga fazenda foi transformada para abrigar uma obra de arte.  “Eu volto e consigo ver as paredes, a escada, o fogão a lenha, como era quando tudo começou”, conta.  Aos 21 anos, Tamara cursa o 3º período de Psicologia e, desde 2013,  é mediadora do mesmo programa que participou quando criança. “O Inhotim faz parte do meu passado, e é também o meu presente”, diz.

Indicada por um professor de Geografia para participar do projeto aos 14 anos, Tamara aceitou mesmo sem saber muitos detalhes do que seria feito durante o semestre. “Eu conheci o Inhotim com a minha escola nesse mesmo ano, e me encantei. Quando recebi o convite para integrar o Laboratório, aceitei na hora”. A proposta dos encontros era a mesma que guia o projeto até os dias de hoje: explorar o parque com liberdade e sensibilidade para estimular um olhar crítico sobre Brumadinho e o mundo.  Com o fim dos dois módulos do projeto, Tamara tornou-se bolsista do Instituto, fazendo do Inhotim parte do seu dia a dia por mais dois anos.

O encontro com grandes artistas está entre as melhores lembranças da jovem, assim como a chance de ver o Inhotim crescer e se transformar ao longo desse tempo. “Me lembro do dia em que fomos com Jarbas Lopes e os fusquinhas para Brumadinho, e fizemos intervenções na cidade. Me lembro também do encontro com Chris Burden e de ver o Beam Drop nascendo” relembra. Durante todos esses anos, Tamara conseguiu ir longe. Foi  selecionada em um edital do Congresso Nacional da Federação  de Arte/Educadores (Confaeb) em São Luis do Maranhão,  onde apresentou a pesquisa desenvolvida ao longo do programa e ainda saiu do país pela primeira vez rumo à  Londres, junto ao Laboratório. Na viagem, ela conheceu de perto jovens integrantes de projetos parecidos da Tate, Museu de Arte Moderna do Reino Unido, após um ano de troca de experiências à distância. ” Além de tudo, era um sonho conhecer um país que fosse monarquia”, conta.

Com o fim da bolsa, surgiu a oportunidade do primeiro emprego como mediadora. Chegou a hora de viver o outro lado do Laboratório Inhotim . “Eu fico reparando neles e me vejo ali, com aquele medo do novo típico. É o primeiro encontro com a arte e cada um tem seu tempo. Eu procuro entender e respeitar isso”. Segundo a estudante, é difícil para um adolescente mensurar a dimensão dessa oportunidade. “O que eu vejo de especial nesse trabalho é que ele oferece um monte de possibilidades de olhares, mostra que tudo depende do ponto de vista. Muitas vezes só percebemos quão importante foi essa chance depois que saímos e crescemos”, avalia. Como mediadora, os dias são imprevisíveis e surpreendentes. “Acontece muito da gente planejar  toda uma dinâmica para o grupo e vem algum jovem com uma ideia nova e muda o rumo de tudo. Isso é fantástico”, diz.

Os dias no parque influenciaram em importantes decisões de Tamara, que sonha em continuar trabalhando na área de educação. Decidida a se dedicar mais à faculdade, ela reconhece a necessidade de deixar os trabalhos no Inhotim em breve, mas considera impossível a possibilidade de se distanciar de tudo que experimentou no Instituto. “Não tem como sair e deixar para trás o que passei aqui. Eu vou levar o Inhotim comigo pela vida, porque, depois de tantos anos, eu ainda consigo me surpreender com esse lugar”.

 

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Linda do Rosário, uma história de amor

Redação Inhotim

A visitante caminhava ao redor da obra. Máquina de retratos em punho. Inquieta, perguntou ao monitor da galeria:

– Linda do Rosário? Mas por que desse nome?

– Bem, é o nome de um hotel que desabou no Rio de Janeiro, em 2002 – ele respondeu.

– E por que uma artista escolheria esse nome para uma obra de arte? – retrucou, desconfiada.

– Essa artista, Adriana Varejão, gosta muito de trabalhar com azulejos. Você vai ver por aqui no Inhotim outros trabalhos dela que utilizam esse material. Mas ela também gosta de fotografar, especialmente situações inusitadas. Quando o prédio caiu, Adriana estava no Rio preparando uma exposição. Ao saber do acidente, foi até as ruínas e fez algumas fotos. Ela percebeu que, apesar dos escombros, havia paredes de azulejo azul e branco, resistindo a toda a destruição. Essa foi uma das inspirações para ela compor esse trabalho.

– E no hotel, tinha gente lá?

-Tinha sim. Dizem que o porteiro escutou os estalos e saiu avisando todo mundo para deixar o prédio imediatamente. Quando ele estava descendo as escadas, quase na porta, lembrou-se de um casal que ocupava um dos quartos. Da portaria, interfonou, mas ninguém atendeu. Ele chegou a retornar e bater na porta, mas não houve resposta.

– Nossa, e o que aconteceu?

– Assim que ele deixou o prédio, assistiu tudo desabar, ao lado das outras pessoas que também conseguiram escapar da tragédia. Infelizmente o casal não sobreviveu. Dois dias depois, seus corpos foram encontrados pelos bombeiros, em meio aos escombros, deitados sobre os restos de uma cama. Seus nomes não foram revelados, mas um jornal da época contou que se tratava de um casal de amantes. Há quem diga que eles ouviram o porteiro chamar, mas preferiram ficar ali e morrer juntos, cansados de esconder seu amor… Tem até uma música, daquela banda Los Hermanos, que canta essa história. Chama “conversas de botas batidas”.

– Poxa, obrigada! Só de olhar eu nunca ia imaginar isso tudo! E que material é esse?

– É poliuretano, senhora! Só não pode tocar na obra…

A queda de um hotel em SP foi inspiração para a obra de Adriana Varejão.
A queda de um hotel em RJ foi inspiração para a obra de Adriana Varejão.
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Inhotim 40°C: conheça a estufa equatorial

Redação Inhotim

Entre uma galeria e outra, os jardins do Inhotim são uma experiência à parte. Palmeiras grandiosas marcam a paisagem, folhas coloridas contornam os caminhos e rodeiam as obras, flores grandes e miúdas são detalhes dignos de fotografias. No Viveiro do Instituto, localizado no eixo laranja do mapa, o visitante tem a chance de conhecer espécies usadas na culinária, na medicina, plantas carnívoras, tóxicas e outras ameaçadas de extinção. Ali também funciona a estufa equatorial do Instituto, onde parte das mudas são preparadas para fazer parte dos jardins.

Com as paredes revestidas por um plástico que forma uma espécie de bolha, a estufa tem sensores térmicos que conservam a temperatura entre 32°C e 42°C e umidade acima de 80%, ambiente típico de clima equatorial. A irrigação é automática, mas controlada diariamente por José Urias, jardineiro do Parque há 6 anos. “Toda manhã é a primeira coisa que eu faço, conferir se está tudo funcionando”, conta.

O espaço tem três intensidades luminosas. Dessa forma, as plantas são distribuídas de acordo com a quantidade de luz que precisam. Segundo o engenheiro agrônomo do Instituto, Juliano Borin, a estufa tem o importante papel de propagar as espécies ali plantadas. No espaço, as mudas são cultivadas, passam pela engorda e depois são replantadas no Parque.

Nesse processo, espécies em extinção foram recuperadas e semeadas na área do Inhotim, como a Philodendron ricardoitípica do Espírito Santo, ou o famoso pau-brasil. A estufa torna possível o cultivo de raridades como a flor-cadáver, conhecida pelo seu mau cheiro quando dá flor. Segundo Juliano, o odor de carne podre e as cores fortes servem para atrair seu principal polinizador, a mosca varejeira.

Temperatura, água e todos os cuidados de jardinagem dão às espécies a chance de crescer em um lugar aconchegante e seguro, mas, antes de serem replantadas, elas passam por um período de adaptação. “Dentro da estufa, nós conseguimos forjar a umidade e a temperatura, mas falta o vento. Então, antes de saírem daqui definitivamente, as plantas precisam ser rustificadas”, explica. Para isso, os exemplares vão para os sombrites, onde são expostos à chuva e ao vento, terminando de amadurecer.

Variação na cor, na textura e no formato das folhas moldam cada espécie para que se adaptem em determinado ambiente. Foto: Rossana Magri
A variação na cor, na textura e no formato das folhas mostra como cada espécie se adapta a determinado ambiente. Foto: Rossana Magri

A diversidade da natureza viva é percebida em cada momento da visita à estufa do Inhotim, onde os jardins são semeados. Variação de cor, forma, folha e textura são sinais da evolução de cada espécie para viver melhor em um lugar específico. Uma planta com folhas grandes, por exemplo, é típica de ambientes escuros e secos. Já onde o vento é mais forte, as folhas possuem cortes para não serem rasgadas.

Participe da visita mensal mediada por Juliano Borin e conheça mais os jardins do Inhotim.