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Literatura pelo Inhotim

Equipe de mediadores

Objeto muito antigo na nossa história, o livro é propositor e encantador por natureza, contém cheiro, imagens, narrativas e memórias. A leitura, seja pela letra escrita ou imagem impressa, propicia a construção de sentidos, afetos e conhecimento. Marcando a nossa vida de forma significativa e estimulando o ato revolucionário da autonomia, o livro pertence ao campo do encantamento e do exercício das práticas sensíveis.

No Inhotim, o trabalho A origem da obra de arte (2002), da artista Marilá Dardot, permite ao visitante caminhar por um jardim-livro, onde ele se torna coparticipante no plantio de vasos em forma de letras que se tornam palavras, distribuindo pela grama ideias e poesia. Em Desert Park (2010), a artista Dominique Gonzalez-Foerster cria um ambiente especialmente para o Instituto, construindo, em meio ao jardim tropical, uma coleção de pontos de ônibus desérticos. O que se espera? Ao chegar e partir, quais leituras são possíveis nesse lugar?

Vista do trabalho da artista Marilá Dardot no Inhotim. Foto: Daniela Paoliello
Vista do trabalho da artista Marilá Dardot no Inhotim. Foto: Daniela Paoliello
Pontos de ônibus recriados na obra "Desert Park", 2010, de Dominique Gonzalez-Foerster. Foto: Rossana Magri
Pontos de ônibus recriados na obra “Desert Park”, 2010, de Dominique Gonzalez-Foerster. Foto: Rossana Magri

Ao pensar na importância desse companheiro de tempos, amigo do homem e aliado da imaginação, que tal praticar uma ação saudável e afetiva de deixar um livro nos bancos dos jardins do Inhotim e ter a grata surpresa de achar outros, novos ou usados?

De 20 a 26 de abril, convidamos os visitantes a trazer seus livros para promover a prática da leitura. A atividade Deixe um livro no banco, utiliza os bancos espalhados pelo parque como suporte para essa ação, transformando-os em prateleiras expositivas de surpresas! Confira mais informações aqui.

 

Tiago Ferreira e Wellington Pedro, educadores do Inhotim

 

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O jardim e outros mitos

Equipe de mediadores

Desde o início de setembro, o Inhotim apresenta a mostra individual O jardim e outros mitos, da romena Geta Br?tescu. Ocupando parte da Galeria Lago, a exposição reúne trabalhos produzidos a partir da década de 1960 até 2012, e apresentam um amplo espectro da produção da artista e suas percepções sobre a condição feminina e o fazer artístico.

 

Atualmente com 88 anos, Geta Br?tescu estudou na Faculdade de Letras e no Instituto de Belas Artes de Bucareste. Assim como em outras ditaduras do Leste Europeu, a cena artística romena ficou dividida entre a “arte oficial”, cujo objetivo era a propaganda do Estado, e as produções que surgiam fora das instituições públicas, de forma marginalizada. Foi nesse contexto que Br?tescu produziu durante três décadas e atuou como ilustradora do jornal cultural Secolul 20. Alguns trabalhos feitos para a publicação podem, inclusive, ser vistos na mostra.

 

Nuduri
Desenhos de carvão e nanquim sobre papel da série “Nuduri” (1975), parte da exposição “O jardim e outros mitos”.

Colagens, litografias, ilustrações de livros, fotografias, gravuras, tapeçarias, filmes experimentais e vídeo-performances estão entre os suportes utilizados por ela. No Inhotim, alguns de seus trabalhos trazem referências da antiguidade clássica e da mitologia grega. É o caso da série Medea, representação da personagem mítica que trai a família para viver com seu grande amor, Jasão. Ao descobrir-se trocada por outra mulher, Medeia tira a vida de seus próprios filhos como forma de vingança.

 

Como outros artistas, Br?tescu visitou áreas industriais do país e lançou mão desse contexto como fonte de inspiração para sua produção. A forma circular das caldeiras, dos medidores de pressão, das rodas dos trens de ferro pode ser observada em várias obras, como Circles (2012). Seria o círculo um princípio metafórico? O regime comunista da Romênia poderia ter seus momentos de ascensão e queda narrados por meio da figura do círculo? Essas são apenas algumas reflexões que emergem do trabalho da artista. Não deixe de conferir!

 

 

Magno Silva, educador de arte do Instituto Inhotim

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Fábrica de nuvens

Equipe de mediadores

Memórias, motor, água e sabão. Foi assim que o artista filipino David Medalla criou o conjunto de obras Bubble Machines. Uma delas, Cloud-Gates (1965/2013), passa a fazer parte do acervo do Inhotim e entra em exposição no parque amanhã, 4 de setembro.

 

Medalla mudou-se para Londres na década de 60 e fundou a Galeria Sinais, especializada em arte cinética. Como importante nome da arte experimental, foi ele quem introduziu artistas brasileiros como Lygia Cark, Hélio Oiticica, Mira Schendel e Sérgio de Camargo ao público europeu. Seu trabalho conquistou o artista Marcel Duchamp, que lhe prestou uma homenagem em forma de escultura, intitulada Medallic Sculpture.

 

Em 1964, o artista criou a obra Máquina de Areia, uma produção engenhosa na qual um motor impulsiona um bambu para produzir desenhos e formas aleatórias em uma caixa de areia. Pouco tempo depois, Medalla começou a demonstrar o seu interesse por questões políticas e sociais por meio da arte participativa. Na obra Sticht in Time (1967), o artista convida o público a costurar livremente palavras e frases sobre um pano. Assim, a atuação do público torna o processo de criação infinito e dialoga com experiências que ultrapassam as vivências do próprio de Madalla.

 

Também conhecido por suas performances, seja contando histórias, lembrando contos ou descrevendo cenas surpreendentes, Medalla realiza no Inhotim uma performance inédita em 4 de setembro, data da inauguração de novas obras, entre elas Cloud-Gates.

 

Medalla nomeia seu trabalho como atômico, buscando atingir dimensões que extrapolam os limites da obra, agregando valores e experiências a serem vividas e compartilhadas pelo público.

 

O convite o artista já fez. Agora só falta você se programar para conferir tudo de perto! Clique aqui e adquira seu ingresso.

 

Texto de Renan Ribeiro Zandomenico, mediador de Arte e Educação do Inhtim e mais novo admirador de David Medalla

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A imagem como experiência

Equipe de mediadores

Uma volta pelos jardins do Inhotim já propõe uma multiplicidade de experiências. Os caminhos sempre desenhados e as obras que vão sendo descobertas em meio à paisagem logo permitem criar novas relações entre corpo, lugar e as imagens que vão surgindo pelo caminho. Não é por acaso que, no mês da fotografia, a visita temática artística propõe uma reflexão sobre os limites da imagem como experiência.

 

Na contemporaneidade, a fotografia reinventa seus suportes e sua relação com outras mídias, convocando todos a diferentes diálogos e conexões. Nesse contexto, ela perde sua plataforma estática e se abre ao múltiplo, produz atravessamentos, possibilita experiências sensoriais diversas e convida o corpo.

 

Um bom exemplo é a instalação Folly (2005-2009), de Valeska Soares, construída de modo a questionar o lugar do corpo como propositor (ou propósito) na obra de arte. O corpo que presencia a obra se torna parte dela que, por sua vez, é multiplicada pelos espelhos e as representações de cada um naquele espaço. Ali o horizonte se torna infinito em paredes finitas.

"Folly" (2009), de Valeska Soares. Foto: Daniela Paoliello
“Folly” (2005-2009), de Valeska Soares. Foto: Daniela Paoliello

Outro artista que propõe um diálogo intenso na relação experiência-imagem-corpo é o fotógrafo Miguel Rio Branco. Sua galeria no Inhotim reorganiza a interação entre público e obra. Em especial, a série Maciel (1979) constrói narrativas a partir de micro-histórias relacionadas a marcas, a cicatrizes. Desconstruindo uma realidade imediata, as imagens se tornam solidárias à conquista de identidade das pessoas retratadas.

fotografias da série "Maciel" (xxx), de Miguel Rio Branco. Foto: Pedro Motta
Fotografias da série “Maciel” (1979), de Miguel Rio Branco. Foto: Pedro Motta

E você, como se relaciona com as imagens que o rodeiam? Não deixe de participar das visitas temáticas do Inhotim! Elas são gratuitas para os visitantes do Instituto. Confira aqui mais informações para programar sua próxima ida ao parque.

 

Texto de Gabriela Gasparotto e William Gomes, mediadores de Arte e Educação do Inhotim.

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Convite à mediação

Equipe de mediadores

A palavra mediação já foi objeto de um esforço enorme de definição e é empregada por diferentes setores da sociedade, de diversas formas. Pode estar relacionada à resolução de conflitos, à interpretação de obras de arte ou, ainda, ser usada para facilitar algum processo.

 

Desde o início de suas atividades, o Educativo do Inhotim desenvolve estratégias que promovem discussões sobre os acervos do Instituto. Esse trabalho se dá por meio da mediação, uma prática que se apoia no diálogo, na autonomia, e, principalmente, na experiência do público.

 

A mediação se revela um instrumento poderoso para a construção de conhecimento. Ela colabora para o reconhecimento do visitante e do mediador como participantes ativos nas principais discussões que permeiam a contemporaneidade. No Inhotim, ela tem o objetivo de criar um espaço seguro para dialogar, questionar e descobrir. São encontros que vão além da primeira impressão e buscam aquilo que nos provoca a pensar, a encontrar a fagulha que nos faz reagir.

 

O que nos desperta o olhar crítico e nos impele a (re)construiur? Entendemos que a construção de conhecimento se dá por meio da exposição a novas imagens, a outros impasses. Essa alquimia tem como resultado um tensionamento poderoso dos nossos limites de pensamento, limites que buscamos expandir.

 

Participar de uma visita mediada no Inhotim é se deslocar para um espaço desconhecido e fazer dele terreno fértil  para arriscar, falar sem medo, improvisar e perceber como nos sentimos nesse contexto.

 

Sinta-se convidado a olhar de perto, a perguntar e a alcançar lugares, memórias e encontros que não estão no mapa!

 

 

Texto de Lília Dantas, supervisora de Arte e Educação do Inhotim