Antes e depois de Tunga
É impossível não reagir a uma obra do pernambucano Tunga. Esse foi o meu primeiro pensamento ao entrar na galeria que leva o nome do artista, no Inhotim. Não sei bem se pelo forte cheiro de ferro que lembra sangue, se pelo metal que parece cabelo ou se pela beleza escondida em ossos e tramas. Fato é que posso definir minha relação com a arte contemporânea em antes de Tunga e depois de Tunga.
Não se trata de uma obra fácil, é verdade. Mas, para mim, nada que encanta e choca pode ser óbvio. E quando se trata de Tunga, nem mesmo o chapéu de palha é comum. É como se, a todo o momento, o artista me convidasse a abrir a mente, a olhar além do que eu via, a entrar na dança das várias músicas que escutava. Porque ali, não consegui ver o começo nem o fim da obra. O que vi foi o contínuo, como os fios de cobre, a corrente de trança, os vidros sobre o espelho. O túnel sem fim.
Tudo ali me parecia belo. Mesmo aquilo que me causava incômodo. Porque, ao mesmo tempo em que o imã parecia me repelir, ele também me atraía. Uma espécie de leveza de aço. Uma beleza que incluía outros sentidos além da visão, que me despertou a curiosidade de olhar atrás dos panos e me surpreendeu a cada espiada.
Por ser impossível não reagir a um Tunga, perguntei a alguns visitantes sobre a sensação que a obra provocava neles. Medo, êxtase, dúvida e admiração foram as respostas que obtive de observadores um pouco confusos, talvez. O que essa experiência despertou em mim? Tunga.
Depoimento sobre a primeira vez em que entrei na Galeria Psicoativa Tunga.
Tunga também foi tema do programa Arte Brasileira, do canal GNT. Assista ao vídeo aqui e descubra o que críticos, colecionadores e o próprio artista pensam sobre sua obra.