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Antes e depois de Tunga

Daniela Fagundes

É impossível não reagir a uma obra do pernambucano Tunga. Esse foi o meu primeiro pensamento ao entrar na galeria que leva o nome do artista, no Inhotim. Não sei bem se pelo forte cheiro de ferro que lembra sangue, se pelo metal que parece cabelo ou se pela beleza escondida em ossos e tramas. Fato é que posso definir minha relação com a arte contemporânea em “antes de Tunga” e “depois de Tunga”.

 

Não se trata de uma obra fácil, é verdade. Mas, para mim, nada que encanta e choca pode ser óbvio. E quando se trata de Tunga, nem mesmo o chapéu de palha é comum. É como se, a todo o momento, o artista me convidasse a abrir a mente, a olhar além do que eu via, a entrar na dança das várias músicas que escutava. Porque ali, não consegui ver o começo nem o fim da obra. O que vi foi o contínuo, como os fios de cobre, a corrente de trança, os vidros sobre o espelho. O túnel sem fim.

Parte interna da galeria, que leva até a obra "Ão" (1980)
Parte interna da galeria, que leva até a obra “Ão” (1980)

Tudo ali me parecia belo. Mesmo aquilo que me causava incômodo. Porque, ao mesmo tempo em que o imã parecia me repelir, ele também me atraía. Uma espécie de leveza de aço. Uma beleza que incluía outros sentidos além da visão, que me despertou a curiosidade de olhar atrás dos panos e me surpreendeu a cada espiada.

 

Por ser impossível não reagir a um Tunga, perguntei a alguns visitantes sobre a sensação que a obra provocava neles. Medo, êxtase, dúvida e admiração foram as respostas que obtive de observadores um pouco confusos, talvez.  O que essa experiência despertou em mim? Tunga.

               

Depoimento sobre a primeira vez em que entrei na Galeria Psicoativa Tunga.

 

Tunga também foi tema do programa Arte Brasileira, do canal GNT. Assista ao vídeo aqui e descubra o que críticos, colecionadores e o próprio artista pensam sobre sua obra.

Before and after Tunga

Daniela Fagundes

It is impossible not to react to an artwork by Pernambuco-born artist Tunga.  This was my first thought as I entered the gallery named after the artist at Inhotim.  I am not sure if it is because of the smell of iron, which resembles blood, or for the metal that looks like hair or even for the beauty hidden in bones and the weft.  The fact is I can define my relationship with contemporary art in “before Tunga” and “after Tunga”.

 

The truth is it is not easy artwork. But, as for me, nothing that enchants and shocks can be obvious.  And when it comes to Tunga, not even a straw hat is ordinary.  It feels as if the artist constantly invited me to open up my mind, to look beyond what I saw, to be carried away by the dance of the several songs I heard.  For there I was able to see neither the beginning nor the end of the artwork.  What I did see was continuous, such as the cooper strands, the braided chair, the glass on the mirror.  The endless tunnel.

Parte interna da galeria, que leva até a obra "Ão" (1980)
Parte interna da galeria, que leva até a obra “Ão” (1980)

Everything there seemed beautiful to me, even that which disturbed me.  For, at the same time the magnet seemed to repel me, it also attracted me.  A sort of steel lightness. A beauty that included senses other than just vision, which awakened the curiosity to look behind the cloth and which surprised me every time I looked.

 

Because it is impossible not to react to Tunga, I asked some visitors about the feeling the work provoked in them.  Fear, ecstasy, doubt and admiration were the answers I got from perhaps slightly confused observers.  What has this experience awakened in me?  Tunga.

               

Testimony about the first time I entered Galeria Psicoativa Tunga.

 

Tunga was also the theme of Arte Brasileira TV program, aired on the GNT channel.  Watch the video here and find out what the critics, collectors and the artist himself think about his work.