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Fernando Sodré faz show no Inhotim

Redação Inhotim

Mineiro de Belo Horizonte, Fernando Sodré faz parte de um movimento de renovação da viola caipira. No último ano, o artista lançou seu terceiro álbum, Viola de Ponta Cabeça, em que apresenta harmonias modernas e bem-trabalhadas, executadas com técnica e precisão. O resultado é um jazz contemporâneo repleto de influências, que ele apresenta no Inhotim no próximo sábado, 07 de junho, às 15h. Acompanhado pelos músicos Írio Júnior (piano), Esdras Neném (bateria) e Enéias Xavier (contrabaixo), o violeiro ainda recebe como convidados Toninho Horta e o gaitista Gabriel Grossi. O Blog do Inhotim conversou com Fernando sobre o show e sua relação com a música. Confira!

 

Blog do Inhotim – Você tem raízes no choro, mas sua música conta também com elementos de jazz. Como você descreve o som que faz?

Fernando Sodré – Posso considerar que o que eu toco é música instrumental brasileira. Meus arranjos possuem influências de ritmos e melodias tipicamente brasileiros, como o choro, a música nordestina e a música mineira de raiz. Acho que é uma mistura disso tudo. Comecei tocando chorinho e o jazz veio só depois, com o músico Alvimar Liberato. Ele me apresentou o gênero e, a partir daí, comecei a estudá-lo. No início, a linguagem era difícil para mim, mas logo me apaixonei e adicionei mais esse elemento à minha música.

 

BI– Em seu último álbum e também no Inhotim você toca com músicos importantes da cena mineira. Como foi agregar esses nomes ao trabalho?

FS – O grande responsável por essa experiência foi o Enéias. Eu já o conhecia há algum tempo e costumávamos realizar alguns trabalhos juntos. Certa vez, eu tinha uma apresentação no Panamá e o baterista Márcio Bahia, que ia tocar no show, não pode viajar com a banda. Foi então que o Enéias indicou o Esdra (Neném). Ele tocou conosco e a experiência foi muito bacana. Pouca gente sabe disso, mas, antes de pensar no Viola de Ponta Cabeça, a minha intenção era fazer um disco solo. Depois dessa viagem e de outras passagens mudei de ideia e resolvi convidar os dois para montarmos um trio. Adicionamos outros elementos interessantes na gravação, como o piano do Irio e a harmônica do Gabriel Grossi. O resultado foi um álbum muito livre, no qual cada um tinha muita autonomia para criar dentro dos arranjos propostos. Considerando que fizemos ao vivo, essa soma de influências e sons foi até além das minhas expectativas. Quando ouvi as faixas pela primeira vez, percebi o quanto as coisas encaixaram bem.

 

BI – O cantor e compositor Toninho Horta também está no álbum e na apresentação no Instituto. Como foi essa experiência?

FS – Eu sou fã do Toninho Horta há muito tempo. Sempre ouvi as músicas dele e o tive como uma das minhas referências. Ao longo da minha carreira, tive vontade de desenvolver algum tipo de trabalho com ele. Foi através de uma amiga em comum que fiz o convite na época que estávamos fazendo o Viola de Ponta Cabeça. Nós mandamos o material, o Toninho ouviu, gostou e topou participar do disco. Assim que começaram as gravações, ele se mostrou muito disposto e envolvido com o projeto. O resultado foi essa versão de “Party in Olinda”, faixa também dirigida por ele, que ficou muito interessante.

 

BI – Sobre o show de sábado, o que significa se apresentar em um lugar como o Inhotim?

FS – É realmente uma oportunidade fantástica poder tocar em um lugar respeitado e reconhecido nacional e internacionalmente como o Inhotim. Acho que a minha música dialoga muito bem com o lugar e as pessoas que estão ali, então a minha expectativa é grande. Estou esperando um grande show, afinal, a atmosfera do lugar influencia de maneira positiva cada faixa que iremos tocar. Mostraremos um repertório bem diversificado, com músicas tanto do último álbum, quanto de outros, mais antigos. Além do nossa formação de base e do Toninho Horta, teremos também a participação do Gabriel Grossi.

 

BI – A apresentação faz parte da programação da 10° Semana do Meio Ambiente realizada no Inhotim. Você tem alguma relação com a questão ambiental?

FS – É interessante dizer isso, porque a grande maioria das minhas músicas surge em lugares longe das cidades. Rios, fazendas, montanhas, enfim, espaços onde não existem grandes alterações do homem. Portanto, a natureza é uma fonte de inspiração para mim. Sem ela, talvez, eu teria mais dificuldades no meu processo criativo. Semanas como essa são muito importantes para a conscientização de todos nós sobre a questão ambiental.

Fernando Sodré performs at Inhotim

Redação Inhotim

Born in Belo Horizonte, Minas Gerais, Fernando Sodré is part of renewal movement in country viola. Last year, the artist released his third album, Viola de Ponta Cabeça [Upside-down Viola], in which he shows modern elaborated harmonies, executed with technique and precision. The result is contemporary jazz filled with influences, which he will be presenting at Inhotim this coming Saturday, June 7, at 3 p.m.With musicians Írio Júnior (piano), Esdras Neném (drums) and Enéias Xavier (bass), the viola player will also have Toninho Horta and harmonic player Gabriel Grossi as guests. Inhotim’s Blog has talked to Fernando about the concert and about his relationship with music. Check it out!

 

Inhotim’s blog – You have roots in choro music, but there are also jazz elements to your music.How do you describe what you do?

Fernando Sodré – I can say that what I play is Brazilian instrumental music. My arrangements are influenced by typical Brazilian rhythms and melodies such as choro, northeastern music and traditional music from Minas. I think it’s a mix of all that.I started out playing chorinho and only then jazz, with musician Alvimar Liberato. He introduced me to jazz and, from then on, I started studying it. In the beginning, the language was difficult for me, but I soon fell in love with it and added its elements to my music.

 

IB – In your last album, as well as at Inhotim, you play with important musicians in the Minas Gerais scene. How did it feel to add these names to your work?

FS – Enéias was the greatest responsible for this experience. I had known him for a while and we used to work together every now and then. Once, I was going to perform in Panama and drummer Márcio Bahia, who was going to play in the concert, could not travel with the band. Then, Enéias told me about Esdra (Neném). He played with us and it was a very nice experience. A few people know about this, but before thinking about Viola de Ponta Cabeça I intended to release a solo album. After this trip and other experiences, I changed my mind and decided to invite both of them to form a trio. We added other interesting elements to the recording, such as Irio’s piano and Gabriel Grossi’s harmonica. The result was a very free album, in which each one of us had a lot of autonomy to create within the arrangements proposed.Considering that we did it live, the gathering of influences and sounds was beyond my expectations. When I first listened to the tracks I noticed how well things fitted together.

 

IB – Singer and songwriter Toninho Horta is also in the album and takes part in the performance at Inhotim. Tell us about this experience.

FS – I’ve been a big fan of Toninho Horta for a long time.I have always listened to his music and he was one of my references. Throughout my career, I’ve always wanted to develop some sort of work with him. Through a common friend, I invited him when we were doing Viola de Ponta Cabeça. We sent the material, Toninho listened to it, liked it and agreed to be in the album. As soon as the recording started, he was very willing and engaged with the project. The result was this version of “Party in Olinda”, a track directed by him and that came up quite interesting.

 

IB – About the concert on Saturday, what does it mean for you to perform at a place like Inhotim?

FS – It is truly a fantastic opportunity to be able to play at a place that is respected and acknowledged both in Brazil and abroad such as Inhotim. I think my music dialogs very well with the place and the people there, so, my expectations are huge. I´m hoping it will be a great show. After all, the place’s atmosphere positively influences each track we’ll be playing. We will show a very diversified repertoire, with songs from the last album and from other ones, older ones. In addition to our base formation, Toninho Horta, Gabriel Grossi will also participate.

 

IB – The performance is part of the program for the 10th Environment Week, which is taking place at Inhotim. How do you relate to the environmental issue?

FS – It’s funny you mentioned this, because a lot of my music is created in places far from city centers. Rivers, farms, mountains, that is, places that haven’t undergone major alterations by men. Therefore, nature is a source of inspiration for me. Without it, it’s likely I would find difficulties with my creative process. Weeks such as this one are very important to raise everyone’s awareness about environmental issues.