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Laboratório para a arte

Redação Inhotim

O ambiente é claro. Pela janela arredondada, a luz do fim de tarde e o clima urbano invadem a sala. O barulho das buzinas faz quase sumir os cochichos dos visitantes. Atentos, avaliam os quadros e fotos pendurados nas paredes. No centro, apoios recebem outras peças da exposição. Em comum entre elas está um dos mais antigos suportes do conhecimento, surgido na Idade Média: o livro.

 

Intitulada Sublevações do Livro: Objeto – Espaço – Matéria, a mostra realizada no início de dezembro reúne produções de participantes do Laboratório Inhotim, projeto educativo do Instituto, desenvolvido com alunos da rede municipal de Brumadinho/MG. Durante todo o ano de 2013, os alunos investigaram diferentes aspectos dessa antiga inovação técnica, que hoje aguarda o momento de se tornar obsoleta, ou não.

 

Entre as 17 experiências, estão duas de Rafaela Hermenegilda. “Quando comecei meu trabalho, pensei primeiramente em achar uma matéria ou objeto-chave. Entre vários, escolhi a árvore, já que é uma planta muito importante para o mundo e produz duas coisas essenciais à minha vida: o oxigênio e as folhas de papel que compõem os livros”, conta a menina, do alto de seus 14 anos. Para construir uma de suas propostas, Rafaela usou o livro como terreno fértil, literalmente. “A peça faz uma brincadeira de troca, já que a árvore passou a ser o receptor da escrita, e o livro teve que acolher a árvore”. Uma metáfora poética de como o conhecimento e a leitura podem fazer florescer belas ideias.

 

Laboratório Inhotim - Obra em exposiçãoAo plantar a espécie no livro, Rafaela atribuiu novos sentidos à literatura e à natureza Foto: Rossana Magri
 

 

Já em sua série de fotografias, é a árvore o esteio para a contação de histórias. “As pessoas escrevem nas árvores, registrando momentos especiais, ferindo-as com as palavras que resumem lembranças marcantes. Comecei a fotografar todas essas escritas que consegui achar. Desenvolvi a ideia de que elas são livros-objetos”. Sobre sua participação no projeto, ela resume: “Foi muito gratificante aprender um pouco sobre a arte e descobrir, talvez, uma profissão”.

Lab for art

Redação Inhotim

The environment is light. Through the round window, the late afternoon light and the urban atmosphere invade the room. The noise of horns makes the visitors’ whispers almost disappear. They carefully evaluate the photos hanging on the walls. In the center, supports show parts of the exhibition. In common they have one of the oldest knowledge aids emerged in the Middle Ages: the book.

 

Entitled Sublevações do Livro: Objeto – Espaço – Matéria, the show held in early December brings productions from participants of Laboratório Inhotim, an educational project of the Institute, developed with students from Brumadinho/MG. Throughout 2013, kids investigated different aspects of this ancient technical innovation, which now awaits the moment to become obsolete – or not.

 

Among the 17 experiments, there are two by  Rafaela Hermenegilda. “When I started my work, my first thought was to find a subject or key object. Among many, I chose the tree, since it is a very important plant for the world and produces two essential things in my life: oxygen and the sheets that make up books “, says the girl, from the top of her 14 years of age. To build one of her proposals, Rafaela used the book literally as fertile ground. “The piece plays with role shifting, as the tree became the receiver of writing, and the book had to accommodate the tree”. A poetic metaphor of how knowledge and reading can make beautiful ideas blossom.

 

Laboratório Inhotim - Obra em exposiçãoWhen planting the species in the book, Rafaela gave new meaning to literature and nature Photo: Rossana Magri
 

 

In her series of photographs, the tree is the mainstay for storytelling. “People write in trees, recording special moments, hurting them with words that summarize important memories. I started to photograph all these writings I could find. Developed the idea that they are book-objects”. On her participation in the project, she summarizes: “It was very rewarding to learn a bit about art and, perhaps, even discover a profession”.