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Performances de Tunga marcam 10 anos do Inhotim

Redação Inhotim

Em 2002, quando a galeria True Rouge foi inaugurada para abrigar a obra do artista Tunga, o Instituto ainda não era aberto ao público. Na ocasião, durante uma cerimônia feita apenas para alguns convidados, uma das típicas performances do artista marcou o início do que viria a ser o Inhotim: a interação entre arte, arquitetura e natureza. Nesse dia, atores nus interagiram com os recipientes que contêm um líquido viscoso, vermelho, e os derramaram sobre si e sobre os vidros, remetendo aos ciclos vitais. A performance era o que Tunga gostava de definir como instauração, o momento em que a obra de arte é ativada por meio de interações humanas para ganhar sentido. Durante a programação que comemora os 10 anos do Inhotim, uma homenagem a um dos artistas mais influentes da história do Instituto resgata outras instaurações, relembrando trabalhos que eternizaram Tunga dentro e fora do Inhotim.

O tributo começa na Noite Aberta, 3 de setembro, quando as instalações True Rouge (1997) e Deleite (1999) ficam disponíveis para visitação noturna. No dia 8, a Galeria Psicoativa é o cenário para a realização de “Xifópagas Capilares Entre Nós”, às 11h e às 13h, já apresentada uma vez no Inhotim, em 2012, durante a inauguração da Galeria Psicoativa Tunga, o maior pavilhão do Intituto. Nesta intervenção, duas meninas gêmeas se vestem com uma única peruca, que as une pelos cabelos, e caminham pelo espaço.

No mesmo dia, o Inhotim estende seu funcionamento para dar continuidade às comemorações. Às 17h, próximo a obra Deleite, narrativas escritas por Tunga serão lidas por convidados e distribuídas ao público em uma edição comemorativa. Esse momento busca resgatar um importante elemento da obra do artista, que considerava as narrativas espécies de performances feitas por palavras. “Essa evocação das palavras pode fazer construir mentalmente um jardim ou apenas olhar o jardim com outros olhos”, explicou certa vez em entrevista à revista Carbono.

Já às 19h, a coreógrafa Lia Rodrigues, parceira de trabalho de Tunga, coordena uma nova apresentação de True Rouge, realizada por último no Inhotim em 2004, antes da abertura da instituição ao público. Homens e mulheres nus espalham gelatina vermelha por seus corpos e pela obra enquanto o material vai se depositando nos vidros e piso da galeria. Especialmente para a ocasião, o Restaurante Tamboril fica aberto para o jantar com um buffet vermelho, com pratos que trazem ingredientes na cor que tem forte presença no trabalho de Tunga.

No dia 9, “Xifópagas Capilares Entre Nós” é apresentada novamente às 14h na Galeria Psicoativa. Às 15h, no mesmo espaço, é a vez da performance Make-up Coincidence, em que um casal nu maquia as esculturas de A Prole do Bebê (2002) com giz, pasta de maquiagem, gelatina e esmalte cerâmico ao mesmo tempo em que passa os materiais no corpo. No espaço, também acontece uma nova sessão de leitura das narrativas de Tunga.

A homenagem marca a primeira década do Inhotim relembrando a arte transgressora que o artista eternizou por meio de experiências radicais diversas. Com as performances e com a presença dos trabalhos expostos nas galerias True Rouge e Psicoativa, Tunga transformou espaços em lugares vivos de experimentação.
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